terça-feira, 9 de julho de 2019

Marcas

Teve dia que eu encarei a saudade e agradeci por estar tão longe de você.
Teve dia que a distância não era suficiente e eu queria mudar pra júpiter pra ver se a saudade calava.
Teve dia que eu a ignorei.
E dia que eu não queria mais sentir.
Teve dias que chorei.
E dias que quando a saudade chegava, eu já dava "bom dia" acostumada.
Tinha dia que a saudade machucava.
E dias que ela só fazia me lembrar de coisa feliz.
Mas todo dia, sem exceção, ela aparecia e me trazia você, mesmo tão longe, mesmo tão tarde.



segunda-feira, 1 de julho de 2019

Breve eterno

Me olhava com a desconfiança de quem teme mais uma última vez, mas ainda assim já a espera.
Transbordava em silêncio os sentimentos barulhentos.
Guardou meu rosto em suas mãos e aproximou-se tanto que nossos cílios se beijavam.
Então me sussurrou meia dúzia de palavras nas quais fiz questão de ecoar em minha memória afim de torná-las permanentes.
A trouxe ainda pra mais perto, mais comigo. Mais nós.
Fechou seus olhos enquanto me abraçava. Morou em mim um pouco mais.
Ela não era minha. Ainda assim, ali, eu não pretendia deixá-la ir. E não queria dizer que eu não podia mais ficar.
Quando voltou a me observar, havia um sossego despreocupado. Olhar seguro de quem desafia o inevitável.
Me deu mais um sorriso como se concebesse a possibilidade de um infinito limitado.
Entrelaçou os dedos aos meus e me deu o beijo mais terno que já recebi.
Éramos um futuro que não nos pertencia num presente que se confundiu.
Um contratempo extasiado de quem não estava procurando pelo amor.


Dos olhos

Beijei aqueles olhos.
Toquei meus lábios na pálpebra fina e vi aquele sorriso cego me mirando.
Senti seu contorno sob minhas digitais e repousei meus dedos na silhueta de seu rosto. Encarei fundo o par de flores que me olhavam.
Pétalas douradas num miolo cor de terra.
Olhos-girassol.
Olhos de luz que no escuro continuavam a cintilar.
Me fitavam atentos, me seguindo livres.
Me refletiam e diziam:
"avizinha-me".
E seu enlace junto a mim se aconchegou ainda mais,
Serenando minha inquietação e meus receios.
Me fazendo esquecer dos contratempos.
Isolando-nos do mundo, das margens, dos medos.
Pele suave me arrepiando, inundando, embargando.
Eu entregue o bastante pra não querer deixá-la nunca mais.


sexta-feira, 4 de janeiro de 2019

Depois do depois

Por muito tempo, tudo o que eu quis era segurar tua mão.
Era não esconder amor.
Por muito tempo, tudo que eu quis era não sentir que era errado e que você tivesse a mesma coragem que eu sentia ao estar ao teu lado.
Por muito tempo eu não quis desistir. Carreguei tudo que te machucasse nas costas. Tentei te cuidar. Tentei te curar. E me machuquei tanto tentando que esqueci que você não ia ter a força pra também cuidar de mim. E quando eu precisei da tua mão, você já não tava mais ali.
Por muito tempo eu te quis e por mais tempo ainda eu quis não querer. Eu quis te esquecer, quiçá nunca ter te encontrado.
Doeu aprender a te deixar.
Doeu precisar desistir.
Doeu enxergar.
Doeu ver você ir sem se despedir.
E até hoje dói fingir que nunca aconteceu.
Porque tem que ser assim.
Ninguém soube além de nós. E eu já não queria que doesse mais.
Foi o que eu fiz. Virei um deles. E fingi que nunca vi.


domingo, 18 de novembro de 2018

Promessa

Eu sei que eu já te pedi muito,
eu até já te pedi demais,
Mas dessa vez é importante,
eu preciso te lembrar da promessa que me fez.
Lembra, daquela de quando gente achou que ainda podia ser?
Pois bem, hoje não somos,
E mais que isso, hoje eu sou por mim,
Sem tentar ser por nós,
Sem sentir que me falto de mim,
Sem esperar por ti pra tentar ver se me acho,
Eu me descobri sendo sem precisar que fossem por mim.
Eu sei de mim!
Eu sou de mim!
Então por favor, se não for pedir demais,
Quebre a promessa.
Esquece que existiu
E por favor,
Não volte mais.


sábado, 3 de novembro de 2018

Chamego

Alvorecia lá fora e de perto o toque dela despertava-se em chamego.
Seus dedos navegando em meus cabelos me embriagavam na ternura amanhecida.
A delicadeza de dizer "bom dia" sem dizer.
Me guardava ali do outro lado do travesseiro, se mostrando presente a cada suspiro.
De mansinho me agasalhei em seu abraço e fiz dela aconchego.
Só mais 10 minutinhos.


domingo, 28 de outubro de 2018

Vinte e Oito de Outubro de Dois Mil e Dezoito

Coração em pedaços.
Punhos em riste.
Peito estufado.
Um grito sufocado.
Lágrimas.
Que Deus finalmente abençoe teu bolso,
Porque as vidas inocentes
Você condenou.
Teu Deus de mentira te matou.
A prece que tu repete nos lábios,
Lhe falta no coração.
Segue olhando por ti.
Eu sigo em luta ao lado dos outros.
Meu grito nunca será só por mim.
Meu Deus nunca olhou só por mim.

✊🏼


domingo, 30 de setembro de 2018

Meu Setembro Amarelo (Parte III - Final... Recomeço)

(...) O dia que percebi que não tinha mais nada a perder foi o início pra descobrir que tenho o mundo inteiro a ganhar.
Hoje algumas pessoas dizem que meus olhos voltaram a sorrir.
Que já não carregam mais a sombra amarga de uns tempos atrás.
De vez em quando ainda aparecem uns apertos esmagadores que tiram o ar do peito, me mantendo com mãos suadas, geladas e mente barulhenta e bagunçada demais.
A gente sabe que nenhuma cura acontece de uma vez e nem vem com garantia de mudança permanente.
Mas tá tudo bem, porque é normal, acontece e faz parte de toda transição.
Leva um tempo pra sair dos dias nublados, daqueles que a gente parece chover pra sempre.
As vezes custa a acreditar que merecemos mais. Que tudo vai ficar melhor.
Mas confia em mim:
Sobre as nuvens o céu continua azul e o sol continua luz.
Acima de qualquer nevoeiro há um por do sol que não vai deixar de existir.
Atravessando a pior das tempestades há um azul limpo, esperando por cada um de nós.
Hoje percebo realmente que meus olhos voltaram a sorrir.
Mas mais que isso, minha alma se sente viva de novo, mas de uma maneira completamente nova.
Passar por todo o medo, toda a dor e toda angústia me fez desejar a paz mais do que nunca e mais que isso, me ensinou que eu sou a única responsável por providenciá-la pra minha vida.
E o jeito mais fácil de fazer isso é SER a própria paz.
Agora olha ali do lado. Segura aquela mão.
A gente vai dar conta da turbulência da travessia.
A gente ainda vai ter muito banho de chuva, de mar, de ducha e de sol.. A gente vai alcançar o infinito.
A gente vai rir pras estrelas.
A gente vai sair dos dias cinzas porque a gente merece o por do sol mais lindo do mundo. Todo dia.
Vem.
Agora é sua vez de voar também.


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Meu Setembro Amarelo (parte II)


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.
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Parei de me importar com o que pensariam.
Agora era eu.
Sabe, não é fácil andar quando se tem joelhos ralados, pele dilacerada, ferida e suja.
Mas olha... A gente tem asas.
Asas que estavam amarrotadas pelo peso dos planos que não eram meus. Ou das responsabilidades que eu achavam que eram só minhas. Amarrotadas pela mágoa. Pelo ego ferido. Pela descrença e pela falta de amar a mim.
Acho que recuperar as asas é mais difícil que os joelhos.
Mas é mais encantador.
Porque traz os sonhos de volta, um por um.
As pessoas nos ensinam a andar, mas é por nossa conta que a gente aprende a voar.
Depois de muita ajuda, muito tropeço e muito suspiro eu agradeço por ter me dado uma nova chance. De não ter desistido de mim.
O dia que percebi que não tinha mais nada a perder foi o início pra descobrir que tenho o mundo inteiro a ganhar.

(continua)


sábado, 22 de setembro de 2018

Meu Setembro Amarelo (Parte I)


Era um peso carregar as amarras.
Havia dias em que eu me arrastava, botava um sorrisinho no rosto e ninguém mais se importava com o choro que eu prendia.
Passava pelos dias sem realmente vivê-los.
Eu parei de me ouvir.
Parei de me sentir.
Nem me via mais.
Era eu amordaçada, engolindo as verdades que eu não podia dizer.
Era eu adiando meus desejos, era eu vivendo uma vida de mentira, carregando o mundo nas costas e os problemas dos outros nos ombros.
Me importando com gente que nunca movia um dedo por mim.
Cuidando de gente que nem evitava mais me machucar.
Eu tentava dizer que eu tava acostumada, mas acostumar não significa estar bem.
E aí eu ruí.
Desmoronei.
Quebrei.
Na fumaça de mim, não via mais ninguém.
Não ouvia mais nada.
Não sentia.
Tudo cheirava poeira.
Precisei do meu tempo ali, parada, quieta, quase sem respirar.
Ou eu levantava e tentava de novo.
Ou eu desistia.
E por um segundo... Dois... Dez minutos, 6 dias... Eu pensei mais em desistir do que tentar.
Mas naquele vazio eu me perguntei o que mais eu tinha a perder...
Qual era a chance de ficar pior do que eu estava?
E me dei uma última chance.
A única coisa que eu tinha força pra fazer era falar sobre desistir com quem eu amava.
E não escondi mais choro nenhum.
Pedi colo.
Dormi de mão dada.
Falei e fiquei muda.
Mandei pro inferno.
Saí de perto.
Pedi mais ajuda.
Achei com quem ficar.
Mudei os planos.
Parei pra cuidar de mim.
Parei de amar quem fazia questão de me lembrar que eu não era especial.
Parei de me importar com o que pensariam.
Agora era eu.

 (... Continua... )


segunda-feira, 11 de junho de 2018

Polaroid



Eu trouxe uma grande bagagem.
Bagagem que não era só sobre histórias a se lembrar. Era companhia - objetos que traziam o cheiro, a risada, o abraço, o jeito de falar, o suspiro, o olhar, a respiração ao dormir, o colo, a mão dada, as broncas, o carinho, o caminhar, o amor e as despedidas de todos que naquele instante passariam a ser saudade por um tempo.
Caixas com cartas, com presentes, com lembranças, com fotos. 148 fotos. Fotos que não eram só bagagem. Eram companhia.
Eu não as visitei por quase seis meses. Temia abrir a caixa e de lá de dentro saltar meu buraco no peito que eu custava tanto a preencher por todo esse tempo.
Mas hoje não sei o que me deu e eu abri... Mas o buraco não voltou pro peito não...
Me deparei com centenas de amores. O pequeno que ria no meu colo. A avó que aproveitava o beijo da neta. O cachorro que lambia a bochecha. O sol que se punha em outro continente pra selar uma amizade de infância.
Dessas fotos, 62 eram Polaroids.
Gosto das fotos instantâneas. Registro com ela momentos que eu sei que são fáceis de escoar da memória, como o brilho no olho que só aparece no segundo exato em que o coração dispara de felicidade. Ali no fundo um macinho preso improvisadamente com um elástico de cabelo, como que quem entra no último segundo, por impulso.
Hesitei. Mas nesse ponto percebi que eu já não tenho mais buraco nenhum. Não tinha mais o que temer.
Tirei o elástico e visitei uma por uma e até me surpreendi com um canto de sorriso nos lábios. Eram bonitas fotos. Porém, diferente das outras, eram só fotos. Eram sorrisos que tatuaram um solo que foi coberto por flores. Hoje eu gosto mais das flores. Mas agradeço o solo que as fez crescer.
Devolvi aquela dezena de rostos de volta à pilha e a prendi com o elástico mais uma vez.
E assim voltaram à caixa as fotos que eram só bagagem. As pessoas que eram só histórias. A companhia que se fez ausência, mas que finalmente, não pesavam mais.


Fins.

terça-feira, 5 de junho de 2018

Pela primeira vez...

Pela primeira vez...
... Decidi por pelo menos 5 itens antes da "ótima remuneração" na minha lista de expectativas em um emprego ideal.
... Peguei minhas 3 graduações e decidi fazer com elas algo maior do que arranjar um emprego.
... Eu tô sozinha depois de passar 10 anos emendando um relacionamento no outro.
... Parei de mexer no celular até pegar no sono.
... Parei de seguir uma religião.
... Comecei a andar de bicicleta sem ter pra onde ir.
... Parei sacar o celular pra fotografar os animais que se aproximam de mim.
... Não penso em casamento e filhos.
... Parei de mentir pra evitar julgamento alheio.
... Reduzi todos os meus bens materiais a uma mala de mão.
... Aprendi que minhas crises de ansiedade começam com a minha insatisfação com o meu presente.
... Passei a não me calar sobre o que eu acho injusto ou errado (inclusive no almoço de domingo).
... Descobri que achar algo errado, não me torna dona da razão.
... Passei a ouvir mais quem tem o que dizer e menos a quem só quer falar.
... Passei a encarar os dias ruins sem fingir que estou bem.
... Parei de atar as pessoas à minha vida.
... Tenho me achado linda de verdade e por inteiro.

Pela primeira vez na vida eu tenho percebido o peso dos olhares indignados de quem tem carro próprio, emprego estável, relacionamento perfeito, graduação impecável, rotina apertada e corpo cansado.
Mas agora os encaro no mesmo nível. Serena e firme. Sem intimidação.

Eles se irritam quando alguém não segue a receita convencional e consegue ser tão feliz quanto eles (senão mais).
Se indignam quando esbarram com alguém com a teimosia e ousadia de dizer "mas eu não quero isso pra mim".
Eles arranjam boatos, apontam dedos e riem debochados, esperam o tropeço de quem sai do trilho e encontra um caminho melhor.
... Cada julgamento carrega a amargura de quem sabe que cedeu a conveniência da vida.

E pela primeira vez na vida eu não abaixo a cabeça.
Pela primeira vez eu não me importo com as prepotências.
Sucesso não deve ter padrão.
Não é mais uma competição.
E pela primeira vez eu carrego um sorriso que é só meu num caminho que só trilham meus iguais. Finalmente sou a responsável pela minha felicidade.

E isso é só o começo.

quarta-feira, 16 de maio de 2018

Fenix

Hoje.
Hoje você vai respirar fundo e tentar dar mais um passo. Um só, não se preocupa com a caminhada inteira.
Hoje você vai tentar de novo e só de tentar, já é uma nova vitória.
Hoje você vai olhar pra frente e deslumbrar quanta coisa aguarda por você. E vai se dar uma chance.
Só hoje.
Hoje você vai ser mais forte, porque você sabe que é!
E amanhã você repete.
São assim que são feitos os recomeços.
Um dia de cada vez.



segunda-feira, 9 de abril de 2018

Muda.

Hoje me dei conta da visão distorcida ao ver a vida como um quebra cabeças.
Esperar por curvas que se encaixam e peças que faltam.
A aguardar pelo exato ponto em que o contexto ganhará justificativa depois de tantos fatos incompreendidos.
Besteira.
A vida não tem pedaços, peças ou à partes.
A vida não tem divisórias que delimitam o começo e o fim.
Não tem margem.
Todos os acontecimentos estão intimamente interligados, misturados e bagunçados de forma perfeita. De forma (quase) inexplicável.
Deparei-me hoje com uma vida de superfície molhada, um espelho d'água onde cada desafio, experiência e alegria surgiam como gota de cor que caia sobre ela. E tingia. E manchava. E dava vida à vida. Movimento. Coloria. E gota aqui, gota acolá. Se trançam feito raiz de árvore-mãe. E a mistura cria outras cores em mim que nunca me surgiram separadas.
Muda.
Muda de broto.
Muda por dentro.
Muda em silêncio.
Não me falta pedaço.
Não me encaixo.
Não preciso procurar excessos pra entender quem eu sou.
Não preciso dessa ansiedade que me implora por um contexto.
Porque eu sou o meu contexto.
Eu sou minhas cores.
Não sou quebra-cabeça.
Eu sou coração inteiro.

sábado, 24 de março de 2018

Diário de cabeceira

Por vezes nos perdemos entre nossas escolhas e imediatamente um dilúvio de  inúmeros "por que's" se estabelece em nossas mentes. Como um suspiro preso, a garganta fecha e o peito para.
Por que?
Por vezes a gente sente que não sabe pra onde nossos passos seguem e nos perguntamos a razão dessa jornada.
Olhamos pros lados quando a visão à frente se torna turva.
E eu tô aqui pra te dizer que tá tudo bem.
Tudo bem olhar pros lados, tudo bem ainda não ter certeza pra onde sua caminhada aponta. Tudo bem se encher de dúvidas.
Só não pode olhar pra trás, parar de andar, presumir que já se sabe todos os desfechos.
Segue.
Lembra do brilho no olho.
E vai.

quarta-feira, 14 de março de 2018

Felicidade exige coragem

Eu sei que eu já falei sobre isso. Inúmeras vezes, eu sei. Mas é que eu ainda não consigo parar de pensar nisso... Tem coisas que a gente não consegue tirar da cabeça, quem dirá do coração...
Sabe... Eu não sei vocês, mas uma das minhas maiores virtudes também é um dos meus maiores defeitos. Eu não consigo ficar longe do que me faz feliz, do que me dispara o coração. Eu não consigo pensar. A felicidade me ganha e eu me arremesso. As vezes por impulso. É arriscado, sempre. As vezes me rende boas histórias. As vezes me rende bons aprendizados. Mas nunca poderei dizer que eu nao segui o coração. Que não fui refém do peito que borbulha. Que eu não fiz tudo que eu podia.
Eu sei pelo que meus olhos brilham. Eu reconheço quando minha alma quer fazer aquela bagunça de cores! E eu simplesmente não sei como as pessoas conseguem comprimir e reprimir toda essa vida que explode atrás de "e se's...". Como aceitam um peito morno, um meio amor, um dia mais ou menos. Como aceitam se acomodar num Horizonte estreito e linear sabendo que existem paisagens indescritíveis e sensações incríveis pra viver com pessoas que fazem qualquer estrada valer a pena.
Isso não é poesia.
É insônia por pensamentos demais.
Os pés no chão que me perdoem, mas minha cabeça nas nuvens simplesmente não  entende o porquê das pessoas ponderarem se ser feliz vale a pena ou não. É aí a chance passa e tudo que você consegue pensar é "ah se eu tivesse tido uma dose a mais de coragem..."
As vezes a gente fica remoendo os dias se perguntando sobre as exigências que os sorrisos nos fazem quando na verdade a única coisa que a felicidade nos pede é companhia.


domingo, 21 de janeiro de 2018

Passos e voos

"Você tem coragem" alguns me disseram. Eu tenho é medo. Medo de não me encontrar. Porque minha vida toda é essa eterna busca de mim no mundo e nas pessoas (nunca nas coisas). E cada vez que eu me acho um tantinho, descubro que sou maior do que pensava e que há mais de mim a procurar.
E pra me achar, descobri que as vezes tenho que me perder.
Me perder dos vícios, me perder das amarras, das relações estacionadas, dos lugares que são sempre os mesmos.
Levei meus passos pra longe.
Não é fácil deixar tudo pra trás.
Mas é ainda mais difícil ficar onde o coração não dispara.
Onde a Segurança se transforma em Comodismo.
A gente nunca descobre nada novo tentando sempre as mesmas coisas.
A gente nunca sabe o quão longe pode ir sem dar o primeiro passo.
A gente sempre pode recomeçar, aprender a se pertencer pra não depender de ninguém nem de nenhum lugar;
Se conhecer.
Pra saber SER sem precisar TER.
A gente precisa tentar.
A gente precisa aprender a ser livre, a gente precisa aprender a voar.

domingo, 31 de dezembro de 2017

Passagem

O tempo passou e ainda está.
Pra onde me levou?
Que outra história me trará?
O tempo me contou que não dá tempo de esperar.
Que a espera é fulminante pra quem tem pressa de sonhar.
Num estalo, tudo muda.
E a coragem de mudar?
E a força pra encarar?
Hoje mesmo o tempo me disse que hoje é tempo de dizer.
de recomeçar,
de retomar,
de acreditar.
Quando a gente perde tempo é difícil de encontrar.
Ele nunca volta pra onde a gente tá.
Depende da gente.
Depende da gente aprender a domar o tempo. Sem pressa e sem pausa.
O Agora.
O tempo desafia teu futuro.
Teu amor.
Tua coragem.
Porque depois não serve mais.
Quando se vê, já foi.
Por isso cada segundo é um segundo único e só.
As chances são de ouro,
Ou você agarra,
Ou deixa virar pó.


terça-feira, 28 de novembro de 2017

Da janela

Tu já sentiu o cheiro da noite?
O cheiro do prata da lua?
Tu já viu o invisível na escuridão inalcançável de uma noite?
Apertou seus olhos num Horizonte que não sabe se existe?
Tu já escutou as estrelas? Já escutou teus pensamentos numa madrugada de silêncios?
As vezes eu boto a cabeça pra fora do quarto e ponho a mente pra dentro do mundo. Atento os sentidos pra tentar sentir o que não se percebe de dia.
Sempre que me debruço na janela eu vejo um brilho entre os prédios lá de longe. Tão longe que ficam pequeninos. Um brilho que só brilha a noite.
O brilho é um treco comprido que pisca dourado. Eu nunca soube o que é. Fica ali na direita atrás do poste e da antena. Ele pisca toda noite. De dia, nem existe. Eu não sei o que é, mas também não queria saber... Vai que sabendo, de repente ele deixa de ser. Deixa de ser a vareta pisca-pisca, deixa de ser o edifício que se mexe, deixa de ser um mistério.
Não! Muito obrigada. A noite tem sua graça, seus segredos e suas adivinhas.
A noite brinca comigo de esconder.
E eu, brinco com a noite de mostrar. É ela quem sabe de tudo que carrego no peito.
Em troca a dona noite se faz bela e assim, de brincadeira, sem querer faço poema...


segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Crônicas da madrugada #3


- Você tem coragem?
- As vezes... Sabe, eu ac...
- Sei. (e me olhou tão lá no fundo que eu me senti como se não vestisse nada)
- Sabe?
- Sei. (uma pausa sustentada por fatos de alma. Desviou o olhar. Agora observava o sol laranja, quase sumindo no horizonte.)
- Se sabe, por que ainda tem medo?
- Porque coragem não basta! (jogou um graveto longe.)
Fiquei em silêncio...
...
...
- Que difícil.
- É. (eu olhava uma formiga perto dos meus pés, que balançava suas anteninhas e pouco se movia)
- E agora?
- Agora não me preocupa. Me preocupa o depois.