terça-feira, 28 de novembro de 2017

Da janela

Tu já sentiu o cheiro da noite?
O cheiro do prata da lua?
Tu já viu o invisível na escuridão inalcançável de uma noite?
Apertou seus olhos num Horizonte que não sabe se existe?
Tu já escutou as estrelas? Já escutou teus pensamentos numa madrugada de silêncios?
As vezes eu boto a cabeça pra fora do quarto e ponho a mente pra dentro do mundo. Atento os sentidos pra tentar sentir o que não se percebe de dia.
Sempre que me debruço na janela eu vejo um brilho entre os prédios lá de longe. Tão longe que ficam pequeninos. Um brilho que só brilha a noite.
O brilho é um treco comprido que pisca dourado. Eu nunca soube o que é. Fica ali na direita atrás do poste e da antena. Ele pisca toda noite. De dia, nem existe. Eu não sei o que é, mas também não queria saber... Vai que sabendo, de repente ele deixa de ser. Deixa de ser a vareta pisca-pisca, deixa de ser o edifício que se mexe, deixa de ser um mistério.
Não! Muito obrigada. A noite tem sua graça, seus segredos e suas adivinhas.
A noite brinca comigo de esconder.
E eu, brinco com a noite de mostrar. É ela quem sabe de tudo que carrego no peito.
Em troca a dona noite se faz bela e assim, de brincadeira, sem querer faço poema...