quarta-feira, 19 de junho de 2013

... porque, NÉ!?

Ninguém merece ficar em casa quando o país está na rua clamando pela liberdade. Se não dá pra levar faixa, se não dá pra fechar a rua, se não tá podendo se enfiar na multidão, pelo menos sai de casa, arranja alguma coisa pra fazer e para de dar IBOPE pra Televisão!

FUI!

Qual foi a última vez que você marcou um encontro com você mesmo?

Tô indo deixar o Presente ter seu próprio tempo, seu valor, sua surpresa!
Um beijo pra minha mãe, um abraço apertado na irmã e um apelo pro meu pai: aguenta aí, cuida da casa e da família, que jajá eu tô de volta. 
Mas essa noite eu tô caindo fora. Hoje eu pego o carro, ligo o som no máximo, boto a cabeça  pra fora da janela e grito pela estrada!
 Vou sair correndo, sentir o vento, sentir a chuva. E se o frio vier, que me arrepie o corpo, me desligue a mente e que me deixe nua.
Que o mundo suma! E que em seguida me invada. Que meus sentidos se agucem , que meu coração acelere. Que ele bata desenfreado, desesperado pra fazer do seu pulso parte da coreografia sonora das cachoeiras.
Que meus ouvidos sejam capazes de escutar as folhas das árvores anunciando seus saltos dos galhos secos e que eu sinta o gosto do beijo do vento.
E o riso vai vir a toa. Dominar-me e controlar meus músculos. Sairá de meus lábios e vai escorregar pela pele, feito calda.
Vai ser um porre de mim mesma. Chegarei em casa tonta, trançando as pernas depois de trocentas doses de euforia.
Vou fundir o mundo com meu corpo e ouvir se faz som de trovão.
Vou misturar a brisa e o suspiro e ver se cheira a chuva.
Transformarei a flor em perfume da alma e a água em sangue da veia.
E transformarei a lágrima em riso.

Podarei-me.
Soa estranho alguém arrancar de si, coisas tão suas. Mas assim será. Arrancarei a força os galhos secos, os parasitas e cascos frouxos. E assim, minha raiz, minha essência, vai finalmente ter forças pra enviar mais de mim pro que realmente importa.
E se algo podado tiver que ser deixado pra trás, se não for capaz de se refazer-se em muda nova, sinto muito. Terá que contentar-se como adubo de minha terra fértil. Porque é simples. Entenda bem: Novamente eu irei florescer!


quinta-feira, 13 de junho de 2013

De onde vens?


Ingênuo és tu!
Ah se pudesses ver teus olhos delatando-o descaradamente! Tua voz vacilando discretamente a cada fim de frase ensaiada.
E ainda repetes inúmeras vezes as mesmas garantias débeis e cegas.
E me ferem essas falsas verdades usadas como lençol praquilo que chamas de proteção. Proteção? Até que ponto as palavras são capazes de proteger-nos?  
Até onde os argumentos conseguem ser convincentes o bastante pra provarem que insignificâncias realmente não carregam valor nenhum? Afinal, omitir essas tais insignificâncias não atribui instantaneamente a elas uma importância considerável?
E se soubesses que antes mesmo de que tu pensasses em recriar os fatos, eu já sabia das tuas verdades por inteiro, nuas e cruas?
Sufoca-me fingir que aceito tuas palavras, que creio em tudo o que me diz.
Ah se as palavras fossem o único instrumento da verdade! E se a verdade nos fosse exposta sem rodeios? Se não houvesse barreiras ou limites? Nem bom senso ou altruísmo?  Como reagiríamos a verdade constante e sem freios?

Quando algo omitido torna-se uma mentira?