quinta-feira, 22 de dezembro de 2016

Saturno e Saudade

Olha pra mim.
Vê esses olhos?
Vê essas mãos que dançam no ar distraídas?
Escuta o que eu falo. Escuta o tom da minha voz. Minha risada.
... Percebe?
Eu sou uma Sonhadora Compulsiva. Minha cabeça não pertence a esse mundo.
Se tu me impede de sonhar, querido, eu definho.


terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Infinitos limitados

Você morre um pouco mais quando deixa de tomar sorvete, quando não para pra sentir o cheiro de uma flor e quando não responde ao bom dia do desconhecido na rua.
Você morre um pouco mais quando adia aquele plano que te faz sorrir, quando não faz a viagem dos seus sonhos, quando "não tem tempo" pra ver quem te faz bem.
Tu morre um pouco mais quando deixa o medo te impedir de dizer "eu te amo", quando deixa tudo pro amanhã, quando não está inteiramente naquilo que está fazendo.
Você morre um pouco mais quando o orgulho te domina, quando a segurança te acomoda, quando você não sente mais nenhum frio na barriga.
Você morre um pouco mais a cada escolha. Certa ou não. Ao escolher qualquer coisa, você mata a possibilidade que ficou pra trás. Aceite isso.
Você morre um pouco mais sempre que age de acordo com o julgamento dos outros, quando carrega o peso de querer ser perfeito, quando deixa partir alguém que te faz feliz.
Essa carta é pra você. Essas palavras são pra você. Eu só ando pensando nisso e acho que acaba sendo uma carta pra mim também. Acho nos matamos um pouco todo dia, deixando pra depois o que talvez não dure até depois.
Eu queria que esse fosse um texto sobre sorvete e só. Mas não dá. Além do sorvete e das flores, eu tenho uma constante sensação de que estamos amortecendo a felicidade. E isso envolve mais as coisas que não vejo do que as que vejo.
Não basta fazer o certo e simplesmente esperar.
Porque a gente morre um pouco mais toda vez que deixa de viver.


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

Ir(?)


Faça o caminho valer a pena porque o destino pode não ser o que você pensa.

quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Sete dias de cheia

Eu afastei tudo que me fizesse sentir saudades de você. Evitei suas camisetas, o cd do Los Hermanos. Evitei teu cheiro, evitei olhar pro céu, evitei lanchonetes e restaurantes. Não abri a caixa de fotos que fica na gaveta, não li meus antigos poemas. Evitei passar pelos lugares que abrigaram noites de frio, evitei falar sobre os planetas e sobre as estrelas. Eu fiz de tudo pra não checar as mensagens do celular, eu tentei não pensar no tempo. Eu evitei um lado da cama e me neguei a falar de amor. Eu me esforcei, eu juro. E me dei conta de que eu poderia evitar trajetos, conversas e vontades e ainda assim, eu estaria sentindo sua falta. Porque tu tá impregnado na minha alma como o cheiro de chuva no asfalto quente, como o cheiro de café pela manhã.
Eu quis falar pra você do cachorrinho de 3 patas de vi na segunda feira.
Você foi o primeiro que eu quis contar sobre minha publicação na revista.
Eu quis te ligar quando senti medo no sábado.
Eu queria ter falado do sonho que tive noite passada.
Eu quis fazer uma piada com o que você disse sobre o Ramones.
Eu tentei fingir que não pensei em você nos últimos dias.
Tentei fingir que não senti sua falta o tempo todo.
Eu queria não estar pensando em você quando eu estava no ônibus essa tarde. E eu queria não precisar segurar o choro quando justo nesse momento tocou Rubel nos fones. Eu queria, eu tentei, mas não consegui.
Eu queria não ter mentido quando respondi ‘tudo bem’ quando você me perguntou como eu estava.
Eu queria ter pensado em qualquer outra coisa nos últimos dias que não fosse o calor que existe quando você tá aqui.

Eu queria, juro que o que eu mais queria nesse momento era saber não sentir sua falta, mas ainda não sei fazer isso. Não sei nos ver com a tranquilidade de quem não tem urgência de viver. Não sei não ter o coração palpitando acelerado, não sei evitar o frio na barriga que dá ao pensar em te encontrar na rua sem querer. Eu não sei como fazer pra não querer te ter por perto, como fazer pra não querer dividir as coisas com você. Eu não aprendi a arranjar inúmeras prioridades que venham antes de ti. Eu não aprendi a não ficar ansiosa pra te ver. Eu esqueci como é fazer planos pros meus dias sem te incluir. Meu deus, como é estranho sentir-se só assim. E o pior de tudo é que a única forma de aprender a fazer diferente envolve você também. Porque pra mim é difícil entender como se cultiva amor sem regá-lo com paixão. Me ensina ou então me ajuda nesse jardim... Mas vem logo porque depois de toda cheia, vem a seca impiedosa.


quinta-feira, 1 de dezembro de 2016

Regressivo

E eu olho pra frente. Encaro minhas escolhas.
"Vai dar tempo?"
Sabe... Não é a morte que me assusta e sim a falta de tempo.
Os caminhos que escolhi trilhar talvez sejam longos demais e talvez eu não esteja aproveitando bem o percurso. Minha vontade de dizer "eu consegui" me cegou perante ao "eu estou conseguindo".
Não cabe a mim escolher quem estará comigo nos meus próximos passos. Cabe a elas. Não cabe a mim decidir o tempo que resta ou onde eu estarei daqui pra frente. A única coisa que cabe a mim é ser uma boa companhia. Pra mim mesma. Porque no fundo é isso. É entender que a vida não tem roteiro. É sorrir pra quem escolhe ficar. É entender onde veio parar. É aceitar. Cada um por si(m).