domingo, 29 de novembro de 2015

Vôo

Meu vôo é bem mais alto, bem mais longo.
Minha vida consiste em viagens onde, apesar da minha força, é impossível que eu carregue alguém comigo o tempo todo.
Pra poder ver minhas estrelas,  pra poder acompanhar meu por do sol é necessário que se aprenda a voar também.

quinta-feira, 26 de novembro de 2015

É.

É preciso muita coragem pra encarar tudo que uma vida com outra pessoa exige.
E é preciso muita fé pra desistir dessa vida quando se reconhece que não se tem mais espaço pra continuar tentando.

Vê?


Vê?
Me encontro perdida.
Não sei pra onde ir.
Não tenho pra onde voltar.
E já não posso mais ficar.

Vê?
Me saboto a todo instante.
Vê? A fraude? Sim, eu!

Vê?
A contradição estampada em meus olhos? Consegue enxergar isso neles também? O que eles te dizem?

Vê?
Meu pedido de socorro? Minha tentativa engasgada de tentar esmolar ajuda? A frustração de não conseguir explicar o que realmente se passa aqui?

Vê que quero abandonar-te abandonar-nos?
Vê que eu queria ser a pessoa fria que necessita-se ser nessa hora?
Vê que eu queria fugir de forma egoísta?
Apagar o que queima o peito? VÊ QUE NÃO SOU O QUE PENSAS? Que eu queria ser exatamente tudo que odeias?

Vê? Vê que meu coração dói?
Vê que não dá pra suportar ficar te esperando voltar enquanto te vejo se afastando cada vez mais?

Vê? Vê que quando eu for, é pra sempre?

Vê que eu cansei? Cansei de me resignar. De aceitar. De encarar o obstáculo que for por nós. Sozinha e pra nada.

Vê? Ando cega.
Muda.
Mudada.
Ouvindo o que eu queria que fosse calado. Que fosse Mentira. Uma história inventada.

Me enxerga.

quinta-feira, 19 de novembro de 2015

Daqui dez anos

Um dia, estaremos passeando a noite.
Eu com meus filhos e você com os seus.
Aquela proximidade quase intensa. Saudosista.
Júpiter e Saturno alinhados numa órbita passageira.
A compatibilidade perdurável...
Um descuido cá e outro acolá e lá se vê os dois de anos atrás. Gargalhando um do outro como sempre foi. Acordando e relembrando os presentes do passado no agora então, nostálgico futuro.
Assim, pois, num susto, de repente, fogos de artifício vão riscar o céu.
Vão colorir nossos olhos vidrados de luz. Luz nossa, luz da alma, das lembranças.
Depois de um minuto ou dois a gente vai se olhar e sorrir. Sorrir e só. Porque teremos aquele filme passando na cabeça...
Uma daquelas histórias que nossos filhos não vão ouvir falar antes de deitar...

terça-feira, 17 de novembro de 2015

Desabafo

Ando vendo muito casal que sustenta seu relacionamento só nas redes sociais ou nas rodas de amigos. Pessoas que insistem numa imagem perfeitinha de relacionamento, mas quando se olham, não se nota mais nenhuma diferença no brilho dos olhos.
O que é amor sem brilho nos olhos, meu Deus? O que é amor sem sorrisos de flashs? Sem as risadas roubadas enquanto estamos desprevenidos?
O amor num relacionamento tem a ver com companheirismo.
Tem a ver com aqueles detalhes que só a pessoa certa pode fazer por você (e por "pessoa certa" eu quero dizer "a pessoa que te faz feliz" e não necessariamente o amor da sua vida, alma gêmea pela eternidade).
Tá em se aninhar num abraço, em rir das mesmas coisas, fazer piadas um com o outro.
Tá em dividir o pão de queijo e falar baboseira no telefone de madrugada só porque a saudade bateu.
O amor tá em ouvir uma música e mandar pro outro porque te fez lembrar de algo em comum entre vocês.
É ver algo interessante e ficar ansioso pra contar logo pra pessoa.
É aceitar o impossível em dupla.
É aventurar-se por caminhos que não se sabe o destino.
É saber que mesmo que o mundo esteja pra desmoronar, existe abrigo em outra alma.
É perdoar. Do fundo do coração.
É não sufocar, enclausurar.
E o mais importante é: não sentir tudo isso sozinho. Se se sente sozinho, não está sendo amor. Está sendo prisão.
Amor é companheirismo. E companheirismo nada tem a ver com a responsabilidade de ter que estar junto. É a leveza de QUERER estar junto.

Eu precisava dizer. E é só.
("Só")



terça-feira, 10 de novembro de 2015

Como diz o ditado popular...

De saudade em saudade, a carência enche o saco.

Pra registro

Hoje foi o dia em que eu deixei pra trás o que me atrasava o riso.
Reestruturei prioridades.
Deixei que a ansiedade se acalmasse e permiti que a razão mostrasse os próximos caminhos ao coração.
Não estou com medo.
Sei que sou capaz de fazer meus dias valerem a pena.
Vem, amigo Tempo. Chegou a hora de voar contigo.

segunda-feira, 9 de novembro de 2015

domingo, 8 de novembro de 2015

Notificação

Sr. Educador:

Por favor, não seja o "pra que eu vou usar isso na minha vida?!" de uma criança.

Agradecida.

sexta-feira, 6 de novembro de 2015

Dia 5

Hoje, enquanto caminhava, eu vi teu reflexo em um vidro de vitrine.
Não era você, claro.
Acontece que as vezes tu pula pra fora da minha cabeça de tanto que eu pensei em nós.

Também te escutei mais tarde, quando entrei na cafeteria e tava tocando aquela música que cê me mandou há um ano atrás.
Quando percebi que você não tava ali de verdade, segui com meu pedido, peguei o meu café e sentei um pouco. Esfreguei os olhos e tentei me concentrar em outra coisa qualquer. Eu podia ter conseguido, mas tocou aquela outra música, aquela da semana passada. Sorri como sinal de desistência e murmurei verso por verso ainda com a bobeira nos lábios. Às vezes as coincidências fazem guerra contra mim.

Ou talvez nem seja coincidência. A verdade é que quando a gente fica vidrado num assunto, tudo vira associação. Por exemplo aquele casal ali no banco da praça. Ela tá deitada no colo dele já faz 25 minutos e ele tá fazendo cafuné. Será que ele também gosta de mexer no cabelo dela tanto quanto ela gosta de ter os fios remexidos pelos dedos dele?
Será que o toque dele também faz com que ela se sinta aconchegada por todas as estrelas do universo?

O tempo passou diferente hoje. E por mais que eu estivesse com a cabeça nas nuvens, meu pensamento tava muito bem ancorado em um porto só.
Isso me rendia o olhar mais distante, pelo motivo mais focado.

Me permiti uma última tortura trivial antes de deitar pra descansar, já tarde da noite. Sentei no jardim pra conversar com a lua.
Nas minhas mãos, um suco de acerola.
Gosto do primeiro beijo.
Gosto de frio na barriga e de sonho.
Gosto do nosso primeiro dia 5.
Gosto de nós dois.
Gosto de rimas refletidas dia após dia.
Gosto de uma saudade tremenda. Hum... Não. Mentira. Disso eu não gosto não.

Passei o dia disfarçando recordações.
Passei o dia fingindo que não tava fugindo.
"Claro que não. Tá tudo certo." - eu repetia toda vez que alguém me flagrava perdida em outro momento, em outra vida, em história. - "É coisa do trabalho".

Hoje é dia 5.
Mais um.
Olha, eu nunca fui muito apegada com data e cê sabe disso.
Acho baboseira dar tanta atenção a um dia do mês, ainda mais quando eu tenho coisas muito mais especiais pra lembrar referente aos outros dias que preencheram todo o restante da folha de calendário.
Nem sequer gosto de número ímpar. Muito menos quando isso significa que eu tô aqui, sem você. 1.
Não sem você. Eu sei. Mas ainda assim, só.

Cinco sentidos.
Todos eles despertados por inteiro quando tô contigo.
(E até mesmo quando você tão tá comigo.)
E foi isso: Todos os cinco avivados num dia 5. Como se tudo isso fizesse algum sentido.

Deitei, crente que a noite fosse levar esse amontoado de pensamentos junto com o son... O que?... Não. São cinco sentidos sim... Não... Foram cinco.
O problema é esse. Ninguém de fora é capaz de enxergar essa história por inteiro.
Eu disse 5 sentidos num dia 5, não foi? Se você não conseguiu encontrar todos enquanto eu contava a história, não é problema meu.
Posso continuar? Obrigada...
... Como eu estava dizendo...
Uma boa noite de sono as vezes é tudo que a gente precisa.
Uma amnésia temporária.
Um descanso do nosso consciente.
Uma liberdade pro nosso pensamento encarcerado.
E foi assim que me rendi a emancipação das minhas quimeras.
Na maior das renúncias, finalmente abdiquei das lembranças por hoje e terminei meu dia ali... No travesseiro que ainda tem seu cheiro.



terça-feira, 3 de novembro de 2015

domingo, 1 de novembro de 2015