quinta-feira, 28 de maio de 2015

Um quarto de poesia...

(...) Hoje eu te ouvi 4 vezes:
Com o Cazuza tocando no rádio.
Com o Cícero tocando nos fones.
Com o Silva recitando um poema.
E com o seu "boa noite" no meu telefone.
(E os grandes músicos que me perdoem, mas essa última foi minha preferida. ) (...)

quinta-feira, 14 de maio de 2015

Era uma vez... Foi.

A coroa jazia no chão. Torta e despedaçada.
Os vestidos, pisados, rasgados e amassados.
O trono vazio.


Como se soubessem o que estava acontecendo, os cavalos faziam silêncio.
Os pássaros se calaram por toda a noite.
Os animais todos emudeceram.


Nos corredores, apenas o mármore gelado.
Nas torres, nenhuma luz acesa.
Os guardas não estavam cobrindo nenhuma entrada.

Tudo parecia abandonado.
Cada aposento parecia ter sido esquecido, um a um...
O Grande Salão ainda tinha o perfume dos convidados.
Na cozinha, os temperos ainda estavam frescos.
No quarto principal, a cama estava feita, esperando o descanso de um corpo cansado que nos últimos tempos, raramente aparecia.


O jardim dava pequenas pistas.
Flores despetaladas.
Um balanço com o assento ainda quente.
E debaixo da amoreira, no banco branco de madeira, notava-se as pequenas gotas salgadas, deixadas ali por alguém com pensamentos demais...

Os vagalumes iluminavam o trajeto feito a pouco tempo por alguém. Provavelmente faziam isso com a esperança de serem úteis apontando o caminho de volta ao reino abandonado.
Os pontinhos luminosos atravessavam os portões de ferro forjado e se alongavam por um extenso gramado baixo que se estendia até os limites do território, alcançando a Costa. A margem era um grande rochedo, uma barreira natural, muralha gigante de encontro ao mar.

Lá no alto via-se uma silhueta.
Era ela.
Estava na beira, completamente despida.
Tinha os cabelos soltos e parecia que a brisa salgada vinha acariciar suas madeixas.
O vento gelado beijava seu corpo, causando nela arrepios involuntários.
E ali... Bem ali... Vêem? De tão íntima do mar, era possível ver as pequeninas gotas de oceano saindo de seus olhos fechados. Elas rolavam por toda a sua face como ondas que apenas vão. Com a força de ondas que levam tudo embora.

Ela abriu os olhos. Encarou o espaço a sua frente. 
A lua cheia envolvia tudo num brilho prateado.
Ali fora havia a vida que faltava dentro dela.
Num desabafo delirante, como quem desperta de repente, murmurou num sorriso discreto e insano:

"É que um sopro, liberta a cabeleira presa. 
Em teu espírito, estranhos sons fez nascer. 
E em teu coração logo ouviste a Natureza 
No queixume da árvore e do anoitecer.
- É que a voz do mar furioso, tumulto impávido,
Rasgou teu seio de menina, humano e doce;"

Ela gargalhou a (des)graça da vida e as estrelas foram testemunhas da entrega de uma moça que estava cansada de acreditar. 





terça-feira, 12 de maio de 2015

Corações de poeira


Quem sabe um dia, com sorte essa sua dor sossegue.
Quem sabe a angústia acalme e o desespero passe.
Quem sabe um dia você finalmente fique sã e salva, imune desse sentimento que amarga a boca, embrulha o estômago e esvazia o peito... Desse sentimento e de qualquer outro.
Porque, pensando bem, até onde vale a pena viver o melhor, se o pior está por vir?
Talvez a solidão seja mesmo a sua sina e a solução.
Você já beira o abismo. Um passo pra frente e o vôo começa. A liberdade te leva.
Sem dores, sem erros, sem mágoas, sem caos ou confusão.
 Ficará tudo pra traz em lembrança e cicatriz.
Teu lugar não é aqui. Os danos causados serão reparados. Fica tranquila, pode partir.
Sem abraços de despedida, sem beijos apaixonados. Vai enquanto é tempo.
Você há de encontrar um lugar só seu e o mundo há de se reerguer com o que sobrou.
Voa pra longe que logo tudo passa. Se desfaça em poeira no vento. Deixe sua prosa como um meio sorriso praqueles que sobreviveram a essa destrutiva jornada.
Só um coração quebrado é capaz de não sentir mais nada.

De novo.

Acontece.
As vezes você se depara com uma história e simplesmente a reconhece.
É como se fizessem um filme de um livro que você já leu...

domingo, 10 de maio de 2015

Contos de fada do século XXI

Na valsa da madrugada,
Não havia piano, violinos,
Nem nada assim.
(Mas havia aqueles dois com seus corações de tamborim).

Em meio a euforia e risadas,
Eles misturavam-se às luzes e guitarras.

Quem via de longe, ao certo não entendia.
Estavam fora do compasso,
Fora da batida.

A Princesa Desiludida
E o Aventureiro Sonhador.
A vida parecia mais leve
Naquele emaranhado dos dois.

O sol já se preparava e eles ainda estavam lá.
Esqueceram-se da carruagem,
Dos cavalos brancos,
Do sapatinho
E do altar.

Eram trapos sorridentes.
Sem feitiço
E sem desejos.

A Cinderela de coturno
E o Dom Quixote violeiro!

Companheiros em histórias,
Poetas do mundo inteiro!

Não ligavam pro capítulo seguinte,
Pro "felizes para sempre"
Nem pra nenhuma ladainha...
Aprenderam que se é pra ser feliz,
Não se pode esperar por fadas madrinhas.