domingo, 30 de setembro de 2018

Meu Setembro Amarelo (Parte III - Final... Recomeço)

(...) O dia que percebi que não tinha mais nada a perder foi o início pra descobrir que tenho o mundo inteiro a ganhar.
Hoje algumas pessoas dizem que meus olhos voltaram a sorrir.
Que já não carregam mais a sombra amarga de uns tempos atrás.
De vez em quando ainda aparecem uns apertos esmagadores que tiram o ar do peito, me mantendo com mãos suadas, geladas e mente barulhenta e bagunçada demais.
A gente sabe que nenhuma cura acontece de uma vez e nem vem com garantia de mudança permanente.
Mas tá tudo bem, porque é normal, acontece e faz parte de toda transição.
Leva um tempo pra sair dos dias nublados, daqueles que a gente parece chover pra sempre.
As vezes custa a acreditar que merecemos mais. Que tudo vai ficar melhor.
Mas confia em mim:
Sobre as nuvens o céu continua azul e o sol continua luz.
Acima de qualquer nevoeiro há um por do sol que não vai deixar de existir.
Atravessando a pior das tempestades há um azul limpo, esperando por cada um de nós.
Hoje percebo realmente que meus olhos voltaram a sorrir.
Mas mais que isso, minha alma se sente viva de novo, mas de uma maneira completamente nova.
Passar por todo o medo, toda a dor e toda angústia me fez desejar a paz mais do que nunca e mais que isso, me ensinou que eu sou a única responsável por providenciá-la pra minha vida.
E o jeito mais fácil de fazer isso é SER a própria paz.
Agora olha ali do lado. Segura aquela mão.
A gente vai dar conta da turbulência da travessia.
A gente ainda vai ter muito banho de chuva, de mar, de ducha e de sol.. A gente vai alcançar o infinito.
A gente vai rir pras estrelas.
A gente vai sair dos dias cinzas porque a gente merece o por do sol mais lindo do mundo. Todo dia.
Vem.
Agora é sua vez de voar também.


quinta-feira, 27 de setembro de 2018

Meu Setembro Amarelo (parte II)


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Parei de me importar com o que pensariam.
Agora era eu.
Sabe, não é fácil andar quando se tem joelhos ralados, pele dilacerada, ferida e suja.
Mas olha... A gente tem asas.
Asas que estavam amarrotadas pelo peso dos planos que não eram meus. Ou das responsabilidades que eu achavam que eram só minhas. Amarrotadas pela mágoa. Pelo ego ferido. Pela descrença e pela falta de amar a mim.
Acho que recuperar as asas é mais difícil que os joelhos.
Mas é mais encantador.
Porque traz os sonhos de volta, um por um.
As pessoas nos ensinam a andar, mas é por nossa conta que a gente aprende a voar.
Depois de muita ajuda, muito tropeço e muito suspiro eu agradeço por ter me dado uma nova chance. De não ter desistido de mim.
O dia que percebi que não tinha mais nada a perder foi o início pra descobrir que tenho o mundo inteiro a ganhar.

(continua)


sábado, 22 de setembro de 2018

Meu Setembro Amarelo (Parte I)


Era um peso carregar as amarras.
Havia dias em que eu me arrastava, botava um sorrisinho no rosto e ninguém mais se importava com o choro que eu prendia.
Passava pelos dias sem realmente vivê-los.
Eu parei de me ouvir.
Parei de me sentir.
Nem me via mais.
Era eu amordaçada, engolindo as verdades que eu não podia dizer.
Era eu adiando meus desejos, era eu vivendo uma vida de mentira, carregando o mundo nas costas e os problemas dos outros nos ombros.
Me importando com gente que nunca movia um dedo por mim.
Cuidando de gente que nem evitava mais me machucar.
Eu tentava dizer que eu tava acostumada, mas acostumar não significa estar bem.
E aí eu ruí.
Desmoronei.
Quebrei.
Na fumaça de mim, não via mais ninguém.
Não ouvia mais nada.
Não sentia.
Tudo cheirava poeira.
Precisei do meu tempo ali, parada, quieta, quase sem respirar.
Ou eu levantava e tentava de novo.
Ou eu desistia.
E por um segundo... Dois... Dez minutos, 6 dias... Eu pensei mais em desistir do que tentar.
Mas naquele vazio eu me perguntei o que mais eu tinha a perder...
Qual era a chance de ficar pior do que eu estava?
E me dei uma última chance.
A única coisa que eu tinha força pra fazer era falar sobre desistir com quem eu amava.
E não escondi mais choro nenhum.
Pedi colo.
Dormi de mão dada.
Falei e fiquei muda.
Mandei pro inferno.
Saí de perto.
Pedi mais ajuda.
Achei com quem ficar.
Mudei os planos.
Parei pra cuidar de mim.
Parei de amar quem fazia questão de me lembrar que eu não era especial.
Parei de me importar com o que pensariam.
Agora era eu.

 (... Continua... )