sábado, 22 de setembro de 2018

Meu Setembro Amarelo (Parte I)


Era um peso carregar as amarras.
Havia dias em que eu me arrastava, botava um sorrisinho no rosto e ninguém mais se importava com o choro que eu prendia.
Passava pelos dias sem realmente vivê-los.
Eu parei de me ouvir.
Parei de me sentir.
Nem me via mais.
Era eu amordaçada, engolindo as verdades que eu não podia dizer.
Era eu adiando meus desejos, era eu vivendo uma vida de mentira, carregando o mundo nas costas e os problemas dos outros nos ombros.
Me importando com gente que nunca movia um dedo por mim.
Cuidando de gente que nem evitava mais me machucar.
Eu tentava dizer que eu tava acostumada, mas acostumar não significa estar bem.
E aí eu ruí.
Desmoronei.
Quebrei.
Na fumaça de mim, não via mais ninguém.
Não ouvia mais nada.
Não sentia.
Tudo cheirava poeira.
Precisei do meu tempo ali, parada, quieta, quase sem respirar.
Ou eu levantava e tentava de novo.
Ou eu desistia.
E por um segundo... Dois... Dez minutos, 6 dias... Eu pensei mais em desistir do que tentar.
Mas naquele vazio eu me perguntei o que mais eu tinha a perder...
Qual era a chance de ficar pior do que eu estava?
E me dei uma última chance.
A única coisa que eu tinha força pra fazer era falar sobre desistir com quem eu amava.
E não escondi mais choro nenhum.
Pedi colo.
Dormi de mão dada.
Falei e fiquei muda.
Mandei pro inferno.
Saí de perto.
Pedi mais ajuda.
Achei com quem ficar.
Mudei os planos.
Parei pra cuidar de mim.
Parei de amar quem fazia questão de me lembrar que eu não era especial.
Parei de me importar com o que pensariam.
Agora era eu.

 (... Continua... )