sábado, 24 de janeiro de 2015

Aos fracos, porém inteiros.

Um brinde ao comodismo cego,
À mentira vestida e cozida,
Ao medo covarde sem evidências de luta.

Um brinde ao silêncio,
As desculpas esfarrapadas,
E a falta de sonhos.

Um brinde aqueles que se sujeitam ao rancor e perdem todas as suas perspectivas futuras.
E obviamente aos responsáveis - àqueles que destroem vidas alheias sem um pingo de receio ou consideração.

Um brinde a todas as máscaras usadas no dia a dia,
A todas as frases repetidas irracionalmente,
Às baboseira lidas numa rede social qualquer
E claro, toda opinião vazia sem argumento, que existe apenas porque a massa de manobra é necessária!

Um brinde à tua revolta contida,
Ao grito calado e à todos aqueles que se portam como putas de seus chefes. Que tudo isso vire amargura e doença, pois assim continuam girando as engrenagens dos grandes: esmagando e triturando entre seus dentes aqueles que cedem aos berros ilógicos de quem tem a ganância desenfreada e podre.

E finalmente um último brinde ao SEU Ego, que nessa ânsia de ser insuperável, invencível e omnipotente tende a te deixar vazio e, em maior ou menor grau, colabora com essa fábrica de miseráveis e inúteis que regem uma sociedade igualmente estúpida e ignorante!

TIM-TIM

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

(Um guardanapo que contou...)

A cada passo que dou em sua direção, são dois que eu tenho que voltar .
A cada sorriso que te dou, surge uma nova inquietação que eu tenho que lidar.
Eu queria poder fazer minhas escolhas e seguir meus impulsos e minha vontade de ficar.
Queria. De verdade.
Mas não depende de mim, não depende do tempo e nem da saudade.
Depende do motivo dos teus sonhos, das tuas canções.
E não me adianta rasgar os versos, impedir a prosa de ir pro papel.
Não adianta nada disso se eu sei que de madrugada são tuas rimas que me vem à cabeça.
Eu li tuas entrelinhas e sei dos teus segredos.
Talvez você até tenha a curiosidade de ficar também. 
Teus olhos,vez ou outra, se aconchegam nos meus.
Teu abraço, de tão cheio de carinho, parece querer morar aqui.
Nossas madrugadas, com graça, se estendem o máximo que conseguem pra encontrar o sol.
Sua poesia, naturalmente, canta com a minha.
Seriam viagens inesquecíveis pra lugares nunca vistos antes.
O problema é que você não deve fazê-lo.
Teus refrões não dariam conta dos meus versos 
E minhas cores não acompanhariam teus traços.
Ou quem sabe, tudo daria certo.
O ponto é que está na hora de partir.
O que temos de mais bonito é exatamente o motivo de nossa ruína.
Hoje acordei de um sonho bom.
Um sonho que me fez gargalhar e me sentir em casa.
E que ao mesmo tempo amparou minhas lágrimas e me fez flutuar.
Sonho esse que você nunca escolheu sonhar.
Sonho que era apenas sonho.
Não adianta voar sozinha e não adianta caminhar pra lugar nenhum. 
Porque a cada passo que eu dou em sua direção, é um voo que eu deixo de alçar... 




terça-feira, 20 de janeiro de 2015

sábado, 3 de janeiro de 2015

Conhece a história? Eis que te dou um trecho dela...

Daqui do alto as estrelas sussurravam que já era a hora de sonhar.
Encarei o jardim da orla pela última vez. O procurei em meio àquelas flores e, apesar de tantas tão distintas umas das outras,  nenhuma possuia o perfume dele. Nem que eu juntasse maresia e pétalas conseguiria o cheiro que me satisfaz.
Dei um sorriso amarelo pela falta do sorriso de canto.
Uma nebulosa chegou de mansinho e me aconchegou em seus braços.
Cedi ao remanso da noite e logo meus pensamentos começaram a se entregar à brisa.
Penso que talvez seja melhor assim.
Eu daqui e ele de lá... De algum lugar.
...
"Hey, você! Psiu!"
Num pulo - reconhecendo aquele timbre -  logo me ponho desperta, dessa vez com um sorriso de verdade e olhos alertas! Debrucei-me na nuvem e olhei lá pra baixo em sua direção:
"Mas por onde se meteu?"
"Por aí... Você voa daí e eu caminho daqui, ué. "
Minha empolgação murchou um tanto ao lembrar disso. - Daí, daqui, de lá, dali... - Advérbios devidamente distribuídos pra cada um. Disfarcei a tempo de que não percebesse:
"E que aventura viveu?" - perguntei com uma curiosidade sugestiva e peralta.
Ele deu os ombros:
"Nada de mais."
"Certo, guarde-as para vivê-las comigo então" - sorri debochada.
Ele desviou o olhar. Mesmo assim, eu sabia que sorria. E mais que isso, eu sabia que estava levemente vermelho. Revirou um montinho do chão com os pés, brincando com aquela mistura de grama e areia, enquanto murmurou algo que não pude entender.
"O que disse?"
Ele voltou então a me olhar:
"Nada. Deixa pra lá... Não vai descer?"
"Pela sua demora em aparecer por aqui, acho que você quem deveria subir."
Ele torceu o nariz.
"É difícil subir aí. Você sabe que eu não posso... "
"Eu sei que você não quer, isso sim. Senão já estaria aqui." - falei, mesmo sabendo que eu acabaria descendo.
"Ah, as vezes eu subo."
"E rouba pedacinhos do céu."
Rimos da lembrança enquanto eu chegava até o chão. Depois de um leve silêncio, daqueles que acontecem pra dois pares de olhos poderem se cumprimentar, eu disse:
"Vamos ver o mar? Já que você perdeu o pôr do sol, pode vê-lo nascer pelo menos. "
Ele aceitou daquele jeito de quem finge relutar. Ele fazia muito isso, por sinal. Deve ser coisa de quem vive muito tempo no chão, sabe? Essa gente fica dizendo "não" quando a alma já disse "sim".
Passamos a madrugada ali, brincando de onda, indo e vindo. Sendo o meio termo de chão e céu, sendo um pouquinho de mar.
As horas passaram que nem vimos o céu acender. De repente, o sol já tava ali, esquentando nossa pele e fazendo nossos olhos ficarem apertadinhos por causa de toda aquela luz. Ainda na água, olhei pra ele e ri:
"Hahaha! Teu olho tá inchado!"
"É mar, é sol, é sono! Esperava o que? Além do mais, os seus também estão!"
"Acontece quando você inventa de vir me visitar invadindo meu sono!"
Ele desviou o olhar e murmurou algo novamente, sorrindo daquele jeito, como quem sabe de tudo e não sabe de nada.
"Não entendi nada, o que disse?"
Levantou os olhos e fitou-me, zombeteiro. Suspirei exageradamente:
"Não vai dizer, não é?"
Ele fez que não com a cabeça, mantendo o jeito brincalhão em silêncio.
"Que coisa! Por que faz isso?"
"Isso o que?"
"Isso! Ou diz algo que eu não consigo ouvir ou me faz achar que ouvi uma coisa que não disse!"
Ele caiu na risada, achando graça da minha frustração. Eu, boba, deixei brotar minha própria risada logo atrás. O empurrei de leve, fingindo agressão. Ele me puxou e me tomou em um dos braços, ainda rindo. Saímos da água daquele jeito até que chegamos na areia. Ele me olhou e disse:
"Seus olhos mudaram de cor. Estão bonitos."
Quase que numa teimosia inconsciente, desviei o olhar e encarei o céu, protegendo o excesso de luz com a mão:
"Acho melhor voltarmos. Já já dão pela nossa falta... "
"É... É melhor."
"Te vejo amanhã?"
"Provavelmente."
"Hum... Bom, pelo menos você sabe subir... "
"Sei..."
"Pode aparecer sem medo... Se quiser...
Agora, vai. Vai logo, antes que eu peça pra ficar." -  Sorri descontraída em tom de brincadeira.
Ele me embrulhou num abraço e me envolveu o corpo, a mente e a alma. Ali agasalhada pelos braços dele, desliguei os pensamentos e deixei meu coração rimar com o dele um pouco. Ouvia melodias douradas saírem dali. Por fim, respirei fundo e o soltei. Pensei em como ele daria uma ótima nebulosa aconchegante... E lembrei do quanto eu precisava me manter afastada se o quisesse manter por perto...
"Bom... Eu tenho que ir. Apesar do sol ter nascido, as estrelas ainda estão lá. Se descobrem que fugi de novo, vão dar chilique em proporções de buraco negro... "
Ele sorriu de canto e fez que sim com a cabeça:
"Eu também já vou indo."
Demos um último abraço e fomos embora. Cada um no seu caminho.
Antes de passar pela primeira nuvem, tornei a olhar lá pra baixo a tempo de vê-lo olhando de volta. Ri e ele também. Acenei um último tchau antes que me desse vontade de voltar. Virei as costas e fui embora.
Chegando lá no alto repousei a cabeça nas nuvens. Sorri. Dessorri.
A esperança é a última que morre.
Mas pode ser a primeira que te mata.

quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Uma carta pra ele. Da gaveta pro papel.

*Primeiro, agradeço por vir aqui.
Por querer saber sobre o que conta o meu coração hoje.
Mas hoje as palavras são para um único alguém.
Isso não te impede de se identificar, certamente. Mas dessa vez não escrevi poesia e nem em rima. Não escrevi pensando se você iria gostar de ler ou não. Isso não me importa hoje. Escrevi SOBRE ele. E apenas escrevi pra preencher um silêncio mórbido que acho que precisa chegar ao fim. Escrevi PRA ele.
De qualquer forma, as linhas abaixo contam sobre coisas que dizem meu coração.
Sinta-se a vontade de continuar lendo. Ou não.*


Sabemos o quanto nossa felicidade custa quando aprendemos o valor da dor.
Cega, eu não via o quanto da minha felicidade eu abdicava por outro alguém.
"Você não é feliz e eu não sei te fazer bem"... 
Vez ou outra tuas palavras ecoam na minha memória. Palavras que perdi as contas de quantas vezes foram repetidas por você durante todos esses anos. 
Negava tuas afirmativas e lutava por esse amor.
Você tentou me mostrar essa verdade durante tanto tempo e eu apenas tapava os ouvidos, não querendo aceitar.
Você me conhecia mais do que eu mesma naquele ponto.
Pensava que era tu o poço dos meus mais puros sorrisos e que sempre seria.
Mas onde já se viu amor ter limite?
Como poderia dizer que aquilo era a coisa mais bela que eu poderia sentir? Como não enxergava isso?
Seria tola em dizer que eu não era feliz. Obviamente eu era.
Sabe, é cafona, eu sei, mas pra mim "amor" e "dor" nunca foram boas rimas. E contigo essas palavras andavam de mãos dadas dentro de mim, num revezamento constante.
Meu consciente era incapaz de integrar as lágrimas à nossa história. Nosso amor era grande demais pra dar a importância que elas exigiam de mim. 
Nesse emaranhado, não pude ver o quanto doeu estar contigo e que por mais que eu relutasse a acreditar, aquelas gotinhas de mar que escorriam dos meus olhos eram o sinal de que já tinha passado da hora de partir.
Doeu, certamente. Quebrar os planos e se desfazer daquele elo, rasgou meu coração. Encarar a realidade de tudo que havia escondido atrás da minha historinha de felicidade doeu mais ainda. Mas como me aliviou. Não sei por em palavras como as lágrimas faziam sentido, finalmente.
Não chorei pela tua falta.
Chorei pelo delírio que eu vivia.
(Admito que quem chorou foi meu ego e não meu coração. E ainda bem que o ego é muito mais fácil de ser domado do que o coração. Pude explicar a ele que não valia a pena desperdiçar tanto choro numa causa tola dessas. E ele compreendeu.) 
Finalmente consegui sorrir. Tirei um peso das costas que eu não aguentava mais carregar. Aquele peso de forçar uma felicidade numa relação que já estava pra lá de gasta. 
Depois de entender tudo isso, travei um sorriso na cara e uma leveza no coração que só veio porque seguimos nossos próprios caminhos, finalmente. E não sai de mim. Minha alma se entregou pra uma independência tão grande que a sensação de liberdade a faz voar. Obrigada por me chacoalhar e faze-la seguir pro alto!

Gostaria que soubesse que finalmente preenchi o vazio que tanto incomodava. Aquele que esperava que "nós" preenchêssemos.
Retomei hábitos que tinha saudade.
Voltei a acampar.
A fazer picnics.
Voltei a pintar e a escrever.
E a virar a noite rindo com os amigos.
Voltei a viajar.
Voltei a ficar de bobeira nas praças.
A ir de sopetão pra praia.
Voltei a dançar.
E comecei a fazer tantas outras coisas!
Arrisquei no trabalho.
Me envolvi de corpo e alma com meu curso e as pessoas maravilhosas que o fazem comigo.
Estou indo no teatro toda semana.
Vou em shows e passeio na Paulista.
Parei de ter medo de me aproximar demais de alguém.
Te olho com o carinho de alguém que só tem a agradecer.
Por tudo. Desde as cócegas, risotos-e-panquecas e apelidos, até o choro, o medo e o seu silencio. 
E te peço perdão. Pelas exigências, pelo meu jeito de querer falar demais (e me magoar por você não entender) e por não ter sabido te fazer feliz.

E me disseram que você está muito bem.
Meu Deus, como fico feliz por isso.
Acho que tivemos nossos sorrisos juntos, sorrisos que apenas nós fomos capazes de viver. Sorrisos únicos.
Mas sei que não seríamos capazes de fazer o outro plenamente feliz no futuro.
E estou muito bem em saber que alguém poderá fazer isso por ti de agora em diante.

Sabe... Achei que nunca acharia um sorriso mais bonito do que aquele que tive durante todos aqueles anos. 
Mas errei.Tinha sim.
Apesar de serem únicos, nenhum sorriso é insubstituível.
Encarei aqueles olhos grandes e redondos.
Tinham uma cor diferente e um brilho cristalino.
Os lábios faziam um lindo desenho de curva e pareciam contar piada.
E de repente notei que o que faltava pro meu amor estar pleno era aquele alguém.
E sabia que cada alegria seria retribuída sem nem um segundo de receio. 
Sabia que ninguém seria capaz de me amar como aquele alguém.

Sorri de novo para o espelho e me amei mais um pouquinho.
Obrigada por ter me ensinado a me amar como nunca me amou amei.