quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

Uma carta pra ele. Da gaveta pro papel.

*Primeiro, agradeço por vir aqui.
Por querer saber sobre o que conta o meu coração hoje.
Mas hoje as palavras são para um único alguém.
Isso não te impede de se identificar, certamente. Mas dessa vez não escrevi poesia e nem em rima. Não escrevi pensando se você iria gostar de ler ou não. Isso não me importa hoje. Escrevi SOBRE ele. E apenas escrevi pra preencher um silêncio mórbido que acho que precisa chegar ao fim. Escrevi PRA ele.
De qualquer forma, as linhas abaixo contam sobre coisas que dizem meu coração.
Sinta-se a vontade de continuar lendo. Ou não.*


Sabemos o quanto nossa felicidade custa quando aprendemos o valor da dor.
Cega, eu não via o quanto da minha felicidade eu abdicava por outro alguém.
"Você não é feliz e eu não sei te fazer bem"... 
Vez ou outra tuas palavras ecoam na minha memória. Palavras que perdi as contas de quantas vezes foram repetidas por você durante todos esses anos. 
Negava tuas afirmativas e lutava por esse amor.
Você tentou me mostrar essa verdade durante tanto tempo e eu apenas tapava os ouvidos, não querendo aceitar.
Você me conhecia mais do que eu mesma naquele ponto.
Pensava que era tu o poço dos meus mais puros sorrisos e que sempre seria.
Mas onde já se viu amor ter limite?
Como poderia dizer que aquilo era a coisa mais bela que eu poderia sentir? Como não enxergava isso?
Seria tola em dizer que eu não era feliz. Obviamente eu era.
Sabe, é cafona, eu sei, mas pra mim "amor" e "dor" nunca foram boas rimas. E contigo essas palavras andavam de mãos dadas dentro de mim, num revezamento constante.
Meu consciente era incapaz de integrar as lágrimas à nossa história. Nosso amor era grande demais pra dar a importância que elas exigiam de mim. 
Nesse emaranhado, não pude ver o quanto doeu estar contigo e que por mais que eu relutasse a acreditar, aquelas gotinhas de mar que escorriam dos meus olhos eram o sinal de que já tinha passado da hora de partir.
Doeu, certamente. Quebrar os planos e se desfazer daquele elo, rasgou meu coração. Encarar a realidade de tudo que havia escondido atrás da minha historinha de felicidade doeu mais ainda. Mas como me aliviou. Não sei por em palavras como as lágrimas faziam sentido, finalmente.
Não chorei pela tua falta.
Chorei pelo delírio que eu vivia.
(Admito que quem chorou foi meu ego e não meu coração. E ainda bem que o ego é muito mais fácil de ser domado do que o coração. Pude explicar a ele que não valia a pena desperdiçar tanto choro numa causa tola dessas. E ele compreendeu.) 
Finalmente consegui sorrir. Tirei um peso das costas que eu não aguentava mais carregar. Aquele peso de forçar uma felicidade numa relação que já estava pra lá de gasta. 
Depois de entender tudo isso, travei um sorriso na cara e uma leveza no coração que só veio porque seguimos nossos próprios caminhos, finalmente. E não sai de mim. Minha alma se entregou pra uma independência tão grande que a sensação de liberdade a faz voar. Obrigada por me chacoalhar e faze-la seguir pro alto!

Gostaria que soubesse que finalmente preenchi o vazio que tanto incomodava. Aquele que esperava que "nós" preenchêssemos.
Retomei hábitos que tinha saudade.
Voltei a acampar.
A fazer picnics.
Voltei a pintar e a escrever.
E a virar a noite rindo com os amigos.
Voltei a viajar.
Voltei a ficar de bobeira nas praças.
A ir de sopetão pra praia.
Voltei a dançar.
E comecei a fazer tantas outras coisas!
Arrisquei no trabalho.
Me envolvi de corpo e alma com meu curso e as pessoas maravilhosas que o fazem comigo.
Estou indo no teatro toda semana.
Vou em shows e passeio na Paulista.
Parei de ter medo de me aproximar demais de alguém.
Te olho com o carinho de alguém que só tem a agradecer.
Por tudo. Desde as cócegas, risotos-e-panquecas e apelidos, até o choro, o medo e o seu silencio. 
E te peço perdão. Pelas exigências, pelo meu jeito de querer falar demais (e me magoar por você não entender) e por não ter sabido te fazer feliz.

E me disseram que você está muito bem.
Meu Deus, como fico feliz por isso.
Acho que tivemos nossos sorrisos juntos, sorrisos que apenas nós fomos capazes de viver. Sorrisos únicos.
Mas sei que não seríamos capazes de fazer o outro plenamente feliz no futuro.
E estou muito bem em saber que alguém poderá fazer isso por ti de agora em diante.

Sabe... Achei que nunca acharia um sorriso mais bonito do que aquele que tive durante todos aqueles anos. 
Mas errei.Tinha sim.
Apesar de serem únicos, nenhum sorriso é insubstituível.
Encarei aqueles olhos grandes e redondos.
Tinham uma cor diferente e um brilho cristalino.
Os lábios faziam um lindo desenho de curva e pareciam contar piada.
E de repente notei que o que faltava pro meu amor estar pleno era aquele alguém.
E sabia que cada alegria seria retribuída sem nem um segundo de receio. 
Sabia que ninguém seria capaz de me amar como aquele alguém.

Sorri de novo para o espelho e me amei mais um pouquinho.
Obrigada por ter me ensinado a me amar como nunca me amou amei.