segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Lembra?


No meio a tantos olhos e olhares que já cruzei por aí, certo dia me detive em um par encantador, curioso e extremamente empolgante. Nem sei dizer por quanto tempo os encarei, mas em certo momento os recebi  de volta, conscientes do que estava acontecendo ali, analisando o caminho invisível que havia se formado entre os dois pares.
Teria sido embaraçoso. Eu teria ficado com aquela cara estúpida e sem graça, tentando fingir que estava olhando para a sujeira da parede ali atrás. Sim, teria constrangedor se não fosse aquele meio sorriso que surgiu um nanosegundo antes da catástrofe acontecer. Mas foi aquele sorriso gentil que salvou meu olhar já tão entregue àquele momento. Aquela curva de lábios me inundou o corpo com um calor que eu não conseguiria lembrar se já havia sentido antes e quando percebi, já estava sorrindo de volta, sentindo orgulho daquela minha conquista.
Eu havia experimentado duas sensações culminantes num curto espaço de tempo e não conseguia esconder minha empolgação, estava estampado na minha testa que eu estava sentindo bolhas de ar me fazendo cócegas por todo o corpo.
Foi ali que você riu. Uma risada discreta, contida, mas tão sincera e sedutora. Riu de mim, riu comigo, ou talvez apenas tenha lembrado de algo engraçado. Não importava. Eu sabia, desde então, que eu faria de tudo pra ter aquele olhar, aquele meio sorriso e aquela risada comigo por mais tempo possivel até o fim da minha vida.

E eu não me importo se esse meu conjunto perfeito seja desperdiçado com qualquer um, ou que chegue num momento em que eu nunca mais possa vê-los. Meu coração com certeza se partiria se eu descobrisse que aquilo tudo não bastaria comigo, não bastaria pra mim. Mas naquele momento único em toda a minha vida tudo mudou. Daquele momento em diante , eu percebi que eu teria que ser alguém melhor pra merecê-los. E foi isso que me manteve de pé até hoje.


(Eu lembro e relembro tudo isso, todos os dias. E todos os dias eu me pergunto se você ainda faz o mesmo. Se é do meu olhar que você lembra todo dia logo de manhã)

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

menos especial que Big Mc?

No limite do meu "Tanto faz..."
Veja bem. Um espírito como o meu não aguenta muito as mesmices do mundo, as comodices alheias e a aceitação da rotina.
Eu preciso ter certeza que todo dia haverá algo novo. Que todo dia sentirei a sensação de ser especial. Mais especial que um Big Mc!

domingo, 1 de dezembro de 2013

"Oi, eu não sei quem você é, mas não quero que você me ache um idiota!"

Esses dias, durante um papo com alguns amigos, me disseram que eu era como pluma. Disseram que minha sede por me sentir livre era ao mesmo tempo admirável e imprevisível.
Isso martelou na minha cabeça durante dias! Fiquei tentando achar o sentido daquelas palavras. E percebi: realmente, pra mim, tudo pode ter mil possibilidades no segundo seguinte.
E não estou indo longe, nem poetizando minha vida. Com "mil possibilidades no segundo seguinte" quero dizer que existem mil possibilidades de sabores de sorvete. Mil caretas que podem ser feitas pelas costas do seu amigo quando ele está te enchendo o saco. Mil tipos de sorrisos pra se dar pra um desconhecido na rua...

Acho tão triste quando as pessoas anulam momentos simples de diversão e entusiasmo (mesmo aqueles momentos curtinhos!) por causa dos outros...
Tipo quando você está andando na rua e sente uma imensa vontade de fazer uma dancinha (as vezes ridícula, temos que admitir!) pra acompanhar as músicas que vem dos seus fones de ouvido, mas não a faz porque tem um fulano (as vezes até, um que ele nunca viu na vida e nunca mais verá!) virando a esquina justamente naquela hora...
Ou quando tá muito frio e a gente tem vontade de vestir-se igual um mendigo, com aquele moletom velho, touca, luvas, aquela calça mais surrada que lutador de MMA e aquele tênis hiper confortável que tem um furo no dedão, mas não o faz, afinal, "no inverno as pessoas ficam mais bonitas". Então dá-lhe aquele sobretudo cinturado, calça jeans combinando, unhas com as cores da estação e aquela bota que cega até o joelho e faz coçar a panturrilha.
As vezes bate a vontade de conversar com aquele estranho no ônibus que tem nas mãos dele o livro que você mais adora, mas não o faz porque talvez (maldito "talvez"!) ele te ache muito estranho por isso.
E pode ir mais longe e talvez suas decisões fiquem mais complicadas. Você não paga um pão na chapa praquele morador de rua que está bem em frente a padaria porque vai chegar 10 minutos atrasado no trabalho. Não elogia a melhor amiga porque pode ficar parecendo um xaveco. Não diz que ama os pais porque pra você eles não darão a minima importância pra essas palavras...
Entende? Esse medo todo pode transforma-lo em alguém ranzinza, que semeia um mundo cinza e sem graça. Alguém com a felicidade tão aprisionada dentro de si que não enxerga que grandes momentos felizes são feitos de grãozinhos de areia coloridos e bem pequenininhos. Depois fica culpando a vida por não te dar oportunidades de ser feliz, quando na verdade foi você que parou de aproveitar tais oportunidades que dependeram só de você pra desenrolarem-se!

Sabe, eu tenho um amigo que quando está se sentindo bem em algum lugar decide dar cambalhotas. NÃO IMPORTA ONDE! Pode ser na rua, no shopping, na feira, dentro de um carro... tanto faz! E dane-se o que os amigos que estão ao seu lado ou o que aqueles desconhecidos que não tem nada a ver com sua vida  vão pensar. Ele quer fazer, e faz. Acho isso demais.

Ao mesmo tempo que existem aquelas pessoas que deixam de fazer o que o coração pede por causa do povão que adora julgar o que eles fazem, existem aqueles que fazem coisas que não gostam pelo mesmo motivo.
Tem gente que odeia o gosto da bebida alcoólica, mas sai todo fim de semana e enche a cara de cerveja pra acompanhar a galera.
Tem aquele que não entende nada sobre o que está acontecendo no seu país, mas vai em todas as manifestações que tem na cidade porque é necessário que ele esteja lá! (mesmo que ele não saiba o porquê...)
Tem aquela que enfia o salto agulha no pé, o scarpin mais lindo da loja e fica glamurosa naquela festa de casamento da sobrinha da tia do pai dela. A linda-absoluta mal consegue ficar de pé, mas vai pra pista e mostra quem é a rainha do vai-até-o-chão. Resultado: Bolhas na parte de trás do pé, dedos doloridos e um pé torcido que lhe renderá um mês de tênis.

A sua felicidade merece ser anulada pelo simples fato de alguém não ter a mesma opinião coragem que você?

Sejamos plumas! Você não controla pra onde o vento sopra, mas pode aproveitar pra rodopiar e sair voando por aí quando ele bater!