domingo, 1 de dezembro de 2013

"Oi, eu não sei quem você é, mas não quero que você me ache um idiota!"

Esses dias, durante um papo com alguns amigos, me disseram que eu era como pluma. Disseram que minha sede por me sentir livre era ao mesmo tempo admirável e imprevisível.
Isso martelou na minha cabeça durante dias! Fiquei tentando achar o sentido daquelas palavras. E percebi: realmente, pra mim, tudo pode ter mil possibilidades no segundo seguinte.
E não estou indo longe, nem poetizando minha vida. Com "mil possibilidades no segundo seguinte" quero dizer que existem mil possibilidades de sabores de sorvete. Mil caretas que podem ser feitas pelas costas do seu amigo quando ele está te enchendo o saco. Mil tipos de sorrisos pra se dar pra um desconhecido na rua...

Acho tão triste quando as pessoas anulam momentos simples de diversão e entusiasmo (mesmo aqueles momentos curtinhos!) por causa dos outros...
Tipo quando você está andando na rua e sente uma imensa vontade de fazer uma dancinha (as vezes ridícula, temos que admitir!) pra acompanhar as músicas que vem dos seus fones de ouvido, mas não a faz porque tem um fulano (as vezes até, um que ele nunca viu na vida e nunca mais verá!) virando a esquina justamente naquela hora...
Ou quando tá muito frio e a gente tem vontade de vestir-se igual um mendigo, com aquele moletom velho, touca, luvas, aquela calça mais surrada que lutador de MMA e aquele tênis hiper confortável que tem um furo no dedão, mas não o faz, afinal, "no inverno as pessoas ficam mais bonitas". Então dá-lhe aquele sobretudo cinturado, calça jeans combinando, unhas com as cores da estação e aquela bota que cega até o joelho e faz coçar a panturrilha.
As vezes bate a vontade de conversar com aquele estranho no ônibus que tem nas mãos dele o livro que você mais adora, mas não o faz porque talvez (maldito "talvez"!) ele te ache muito estranho por isso.
E pode ir mais longe e talvez suas decisões fiquem mais complicadas. Você não paga um pão na chapa praquele morador de rua que está bem em frente a padaria porque vai chegar 10 minutos atrasado no trabalho. Não elogia a melhor amiga porque pode ficar parecendo um xaveco. Não diz que ama os pais porque pra você eles não darão a minima importância pra essas palavras...
Entende? Esse medo todo pode transforma-lo em alguém ranzinza, que semeia um mundo cinza e sem graça. Alguém com a felicidade tão aprisionada dentro de si que não enxerga que grandes momentos felizes são feitos de grãozinhos de areia coloridos e bem pequenininhos. Depois fica culpando a vida por não te dar oportunidades de ser feliz, quando na verdade foi você que parou de aproveitar tais oportunidades que dependeram só de você pra desenrolarem-se!

Sabe, eu tenho um amigo que quando está se sentindo bem em algum lugar decide dar cambalhotas. NÃO IMPORTA ONDE! Pode ser na rua, no shopping, na feira, dentro de um carro... tanto faz! E dane-se o que os amigos que estão ao seu lado ou o que aqueles desconhecidos que não tem nada a ver com sua vida  vão pensar. Ele quer fazer, e faz. Acho isso demais.

Ao mesmo tempo que existem aquelas pessoas que deixam de fazer o que o coração pede por causa do povão que adora julgar o que eles fazem, existem aqueles que fazem coisas que não gostam pelo mesmo motivo.
Tem gente que odeia o gosto da bebida alcoólica, mas sai todo fim de semana e enche a cara de cerveja pra acompanhar a galera.
Tem aquele que não entende nada sobre o que está acontecendo no seu país, mas vai em todas as manifestações que tem na cidade porque é necessário que ele esteja lá! (mesmo que ele não saiba o porquê...)
Tem aquela que enfia o salto agulha no pé, o scarpin mais lindo da loja e fica glamurosa naquela festa de casamento da sobrinha da tia do pai dela. A linda-absoluta mal consegue ficar de pé, mas vai pra pista e mostra quem é a rainha do vai-até-o-chão. Resultado: Bolhas na parte de trás do pé, dedos doloridos e um pé torcido que lhe renderá um mês de tênis.

A sua felicidade merece ser anulada pelo simples fato de alguém não ter a mesma opinião coragem que você?

Sejamos plumas! Você não controla pra onde o vento sopra, mas pode aproveitar pra rodopiar e sair voando por aí quando ele bater!