segunda-feira, 9 de abril de 2018

Muda.

Hoje me dei conta da visão distorcida ao ver a vida como um quebra cabeças.
Esperar por curvas que se encaixam e peças que faltam.
A aguardar pelo exato ponto em que o contexto ganhará justificativa depois de tantos fatos incompreendidos.
Besteira.
A vida não tem pedaços, peças ou à partes.
A vida não tem divisórias que delimitam o começo e o fim.
Não tem margem.
Todos os acontecimentos estão intimamente interligados, misturados e bagunçados de forma perfeita. De forma (quase) inexplicável.
Deparei-me hoje com uma vida de superfície molhada, um espelho d'água onde cada desafio, experiência e alegria surgiam como gota de cor que caia sobre ela. E tingia. E manchava. E dava vida à vida. Movimento. Coloria. E gota aqui, gota acolá. Se trançam feito raiz de árvore-mãe. E a mistura cria outras cores em mim que nunca me surgiram separadas.
Muda.
Muda de broto.
Muda por dentro.
Muda em silêncio.
Não me falta pedaço.
Não me encaixo.
Não preciso procurar excessos pra entender quem eu sou.
Não preciso dessa ansiedade que me implora por um contexto.
Porque eu sou o meu contexto.
Eu sou minhas cores.
Não sou quebra-cabeça.
Eu sou coração inteiro.