quarta-feira, 12 de outubro de 2016

Dois rios

Aqueles filetes de água corrente percorriam superfícies irregulares. Dois rios com suas nascentes distintas, com seus caminhos devidos.
Rios que seguiam a diante com a força que sua natureza exigia. Cursos de água que carregam consigo a vitalidade do Ser.
Até que, inesperada, a cheia chega e os rios transbordam.
Há quem diga que viu onda feito mar naquele fluxo intenso de tudo que se cabe no espaço de dois rios... Os rios misturaram-se.
E por um tempo ficaram ali, trançando suas rotas, sem distinguir pra onde iam.
Impossibilitados de separarem suas águas, ambos seguiram escorrendo à frente, transformando queda em cachoeira, criando correnteza pra servir de rumo à intensidade.
Os dois rios desaguaram então num oceano pra não serem mais dois e sim, pra fazerem parte de um só.
E é isso. Esse é um poema sem fim. Sem fim até que eu possa sentir um dia os rios sendo chuva, caindo sobre mim...