domingo, 7 de outubro de 2012

"Oi, prazer..."

Pode parecer esquisito, mas quando eu conheço as pessoas, eu, ao invés de ter vontade de perguntar quantos anos ela tem, onde estuda ou no que trabalha, eu morro de vontade de perguntar se ela gosta de torradas, em que posição ela prefere dormir e de que flor ela mais gosta.
Mas eu acho que elas achariam isso esquisito. E ao invés de sorrirem e responderem, elas iriam torcer o nariz e desviar o olhar, fingindo que nem me ouviram.
Eu ia gostar que, quando me conhecessem, me perguntassem qual livro eu mais gosto, se eu gosto do cheiro de café ou como eu faço pro meu soluço passar.
Onde eu estudei ou no que eu trabalho, pouco importa. Pouco diz sobre quem eu sou.
A gente conhece os outros quando vê que a pessoa sorri quando ouve uma criança falar enrolado, se ela consegue passar por um dente de leão e não soprar ou quando a vê comendo espaguete! Aliás, adoro a questão do espaguete. Acho divertido quem se atrapalha todo e se suja e depois fica com vergonha. Ou se ela enrola o macarrão no garfo e abre o bocão pra comer ou se faz biquinho e puxa o fiozinho!
Outra coisa é ver se a pessoa gosta de casquinha de baunilha, chocolate ou mista. Isso diz muito sobre alguém.
Mas as pessoas insistem em querer saber de quem são parentes, onde você mora ou que carro tem.
Ninguém mais tem vontade de saber quem a pessoa é e sim como ela sobrevive por aí. A curiosidade pelo interessante já era. A gente finge se intrigar com essas coisas chatas. Esse é o pior. Por isso ninguém mais sabe puxar assunto nesse mundo. Mas vocês vão ver. Um dia, quando me disserem: "Prazer, eu sou Mariosvaldo, trabalho com contabilidade e estudei na Federal do Acre, e você?", eu é que vou torcer o nariz e dizer sorrindo: "Nossa moço... Como você é esquisito... Legal isso... Mas fala aí, quando você vai comprar algodão doce daqueles velhinhos na rua, qual a cor que você pega?"