domingo, 2 de fevereiro de 2014

Aquele par...

Era um daqueles casais que falavam no cinema durante todo o filme, tinham discussões no banco do ônibus, dividiam o sorvete quando faltava dinheiro e comiam em lugares chiques (calçando chinelos) quando sobrava um pouquinho no fim do mês.
Brigavam por ciúmes e diziam que teriam cachorros quando morassem juntos. Isso tudo em menos de 10 minutos.
Tinham medo. Tinham coragem.
Ela olhava pro sorriso dele. Ele sorria pros olhos dela.
Quando dormiam juntos, ela sonhava com ele. Acordava no meio da noite e lhe dava um beijo em seus lábios adormecidos.
Quando acordavam, ele a abraçava e sentia o cheiro de seus cabelos. Passava o dia sonhando com ela.
Ele era café. Ela o chantilly. Tão diferentes e tão compatíveis.
O futuro juntos era inevitável. Como se tudo já estivesse programado há muito tempo (e quem sabe não estivesse realmente...). Tudo fazia sentido. Até mesmo quando as coisas pareciam estar desencaixadas.
E quando eles se olhavam, havia lá aquele brilho. Aquele que os poetas escrevem em seus versos, os filmes retratam em seus cenários e os músicos tentam tocar em seus acordes. Aquele brilho se expandia até os sorrisos espontâneos dos dois, até os dedos entrelaçados de suas mãos. Brilho. Brilho que só era inteiro quando os dois estavam juntos.
Era muito claro pra qualquer um que os visse juntos que ali existia algo diferente. Eram amigos, amantes e acima de tudo loucos um pelo outro. E nada além deles mesmos poderia romper com isso.