segunda-feira, 3 de julho de 2017

Pensamentos-nuvem

Sempre durmo de janela aberta. Não tenho cortinas. Só o vidro que (não) me separa da visão do céu.
Hoje era uma noite nublada e eu deitei virada pro armário.
Já fazia 2 horas que eu estava cismada em um pensamento.
Já aconteceu com vocês?
Quando cabeça empaca em um devaneio e de lá não sai até o sono tomar conta?
Pois então. Exatamente isso. Engraçado como a mente voa... Mas aí o quarto inteiro se iluminou.
Quando eu viro, lá está a bendita da Lua, se esquivando do mundaréu de nuvens.
"Boa noite pra você também", sorri.
É inevitável: sempre que a Lua aparece aqui, lá vou eu me debruçar no parapeito feito Julieta que tem seu Romeu no céu!
Não tinha nem 3 minutos de conversa e uma nuvezona cobriu a tigela de leite flutuante (sim, hoje a dona bonita tava parecendo isso).
Ventava muito, muito mesmo e as nuvens se agrupavam e se dissipavam, rendendo alguns gatinhos, um submarino, um elefante, um garfo torto e um sapato.
Uns minutos depois Ela voltou. Mas já estava bem mais baixa e amarela. Agora parecia metade de um queijo meia cura no-meio-do-meio do céu.
Em um olhar, contei pra ela sobre meu monólogo mental de duas horas. Ela me encarou de volta por alguns longos infinitos e entre esse brilho de Lua e brilho de olhos, eu já não sabia quem ouvia o brilho de quem. Suspirei.
Mas o céu não já não suspirava mais. O vento agora havia cessado. As nuvens pareciam apenas nuvens.
Não havia mais gatos, nem garfos. No máximo, um tapete sem graça acinzentado.
A Lua sorriu pra mim... Do ladinho, Júpiter deu uma piscadela. Veio aquela assimilação que só acontece depois de uma meia noite enluarada...
O vento brincava de criar. A nuvem brincava de mudar. E quando tudo para, a graça acaba.
Percebe?
O vento também nos sopra a vida. Nos arrasta do inerte, nos desperta do cômodo, nos exige reação imediata e nos transforma em algo além de um tapete cinza empoeirado. Às vezes parece que a luz some em meio às mudanças, mas a dona Lua tá ali, nos guardando do Universo, esperando a melhor parte de nós.
Falando nela, depois de tanto papo agora ela já estava bem baixa, pronta pro boa noite final.
Bem dourada e enorme. Lá no horizonte... Hora do Pôr de Lua.
Ela sabia que eu já tinha sacado e que agora eu poderia dormir sem gastar minhas horas mantendo a mente em lugar nenhum.
A Lua foi indo embora e eu podia jurar que cantava pra mim!
Prendi a última fagulha dourada na minha íris e fechei os olhos com força pra poder visitar os sonhos lunáticos naquela noite.
Fechei o vidro, me enrolei em edredons e ainda de olhar apertado notei o silêncio de uma mente sem pensamentos empacados.
Ri aliviada.
"Durmam bem, até amanhã"

Foto real da Dona Lua aqui da janela do meu quarto 🌙