domingo, 2 de agosto de 2015

Confidência permutada

Tenho um segredo comigo mais teu do que meu.
Se se aconchegar aqui pertinho, te conto ao pé do ouvido, misturo murmúrio com carinho, te convenço um tanto mais.
Tardo o testemunho, o discurso, minha alegação e meu enunciado pra primeiramente repousar em sua íris a minha sentença mais profunda.
Antes do verbo, a pupila dilatada e o riso desprendido.
Antes da palavra, minha verdade exposta a ti por minha pele nua e crua, arrepiada e tua.
Antes de qualquer frase dita, que meus lábios declarem-se por beijos, sorrisos e conduzam a respiração ofegante.
Que o silêncio deixe óbvio o que a voz tem a dizer.
Cambaleante tropeço em um suspiro antes de conseguir devolver-te o teu segredo. As sensações, os palpites e a intuição misturam-se cada vez mais às minhas certezas e convicções sem que eu saiba o limite entre eles. Por isso chega a hora da confidência ser de sua guarda. Porque já não cabe mais em mim. Toma muito do meu tempo e espaço. Preenchida enfim por uma enxurrada de valentia após tanto procrastinar, entrego-te o que há de mais complexo nos meus dias, declarado e resumido em um Verbo e um Sujeito Simples... E é por meio dos olhos, do sorriso, da pele e das palavras que finalmente declaro-te o labirinto da simplicidade de amar você.