Tenho um segredo comigo mais teu do que meu.
Se se aconchegar aqui pertinho, te conto ao pé do ouvido, misturo murmúrio com carinho, te convenço um tanto mais.
Tardo o testemunho, o discurso, minha alegação e meu enunciado pra primeiramente repousar em sua íris a minha sentença mais profunda.
Antes do verbo, a pupila dilatada e o riso desprendido.
Antes da palavra, minha verdade exposta a ti por minha pele nua e crua, arrepiada e tua.
Antes de qualquer frase dita, que meus lábios declarem-se por beijos, sorrisos e conduzam a respiração ofegante.
Que o silêncio deixe óbvio o que a voz tem a dizer.
Cambaleante tropeço em um suspiro antes de conseguir devolver-te o teu segredo. As sensações, os palpites e a intuição misturam-se cada vez mais às minhas certezas e convicções sem que eu saiba o limite entre eles. Por isso chega a hora da confidência ser de sua guarda. Porque já não cabe mais em mim. Toma muito do meu tempo e espaço. Preenchida enfim por uma enxurrada de valentia após tanto procrastinar, entrego-te o que há de mais complexo nos meus dias, declarado e resumido em um Verbo e um Sujeito Simples... E é por meio dos olhos, do sorriso, da pele e das palavras que finalmente declaro-te o labirinto da simplicidade de amar você.