quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

Passa-rindo

Chegou de manso na varanda, visitou o meu jardim.
Beijou as minhas flores, me falou de suas dores, cantou baixinho para mim.
Aqui por perto fez seu acampamento de barro.
Contou-me suas aventuras, seus devaneios, desejos e anseios.
E de repente, sem querer, sem perceber e sem mais nem menos, lá estava eu, perdida no seu amarelo-canário.
Leve, passei a segui-lo pelo dias,  assoviando por aí.
No dia a dia, eu era reco reco e ele era tico tico. Éramos quero quero.
Criei e reinventei. Descobri e me libertei.
E decidi.
Pra que viver no chão se dá pra apostar corrida com a lua, voar contra o vento até o amanhecer?
Perdi o medo e dei a asa a tapa.
Machuquei-me. Doeu todas as vezes que tentei sair do chão.
Mas aprendi a ver enCanto em cada tentativa de vôo.
Cai-n-Cantei.
Sol... brilha Lá Si Doer.
Refém, Mi Faz.
Refém me fez.
Eu não tinha mais escolha. A terra não bastava mais.
Ele me olhou. Ele sabiá. Ele sempre soube. E agora eu tinha aprendido que também tinha nascido pra voar.
Subi até o topo do lugar mais alto de todos.
Tomei coragem.
Tomei impulso.
Pulei!
E logo o vento veio me beijar!
A brisa me acomodou.
VOEI!
E quase que em piruetas, ele me alcançou. Riu uma nota Si e me envolveu no calor de uma clave de sol.
Planei. Libertei-me.
Enfim plena. Enfim livre.
Enfim lua, sol e estrela.
Meu ninho era o céu. Meu passarinho era ele.
Obrigada por vir me buscar. Ainda bem que te vi.
Eu te amo, meu doce Colibri.