sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Sómente.

Por fim, entrou em decadência ao não suportar mais o silêncio.
Estava sozinha. Mais sozinha que nunca. Atada e sem forças. Não era mais capaz de seguir adiante sem suas respostas, sem ajuda e sem um ouvinte às suas súplicas. Não havia quem quisesse ouvi-las afinal. O que a sustentava agora era apenas o chão. Nada de corrimão, nada de paredes para apoio e nem mesmo havia as cordas que antes a sentavam como boneca-marionete.
 O chão não impedia nada, não bastava. Chão que não se desdobra nem cria novas superfícies. Não tenta emergir para subir um pouco mais alto. Não. No máximo, se rompe e cria uma fenda no solo. Pra descer ainda mais e vez ou outra, fazer alguém tropeçar e cair ali.
Tremeu, os joelhos cederam. Pela primeira vez baixou a cabeça. Cansada de tentar mudar alguma coisa afrouxou os músculos, parou resistir. Era impossível dar mais um passo. O cansaço tomara conta dela, finalmente.
Não. Era fraca. Sempre soube. E era incapaz de seguir só.
Sempre tivera medo do escuro, mas chegará a hora de fechar olhos.