domingo, 9 de setembro de 2012

É como sentir a noite no próprio sangue...

Essa noite eu me empoleirei na janela...
Fiquei lá, numa daquelas posições que preocupam as mães. 
Na janela do segundo andar, com as pernas pro lado de fora, balançando os pés, eu parei um pouco.
Só parei. Chega de pensar, de exibir reações, esperar, sorrir ou me irritar. 
Como é bom. Ficar ali, com aquele restinho de inverno perdido no escuro...
Brisa gelada embaraçando o cabelo e cigarras cantando vez ou outra.
É instintivo aqueles suspiros profundos. 
Sem pensar, a gente fecha os olhos e curte e, como se o vento tivesse dedos e pedisse permissão pra tocar nosso rosto, a gente sente um carinho gelado por toda a face.
Aquele cheiro de orvalho que cai depois do pôr-do-sol e o cheiro de flores escondidas nos jardins, fazem com que a gente seja transportado pra longe, outro mundo...
Pra completar a avalanche sensitiva, quando eu abro os olhos, me deparo com uma meia lua enorme, bem na minha frente. E como se não bastasse, as estrelas no céu estavam brilhando mais que luzinhas de pisca-pisca na cidade em época de natal!
É tudo tão pleno, tão completo... O sorriso estampado no meu rosto nem pediu licença e nem avisou que chegou. Ele já estava lá, sincero e agradecido, antes mesmo que eu o percebesse.
Um último suspiro pra aproveitar o ar gelado, uma última balançada de pés pra curtir a sensação de estar livre e um "boa noite" sorridente em voz alta, em agradecimento a todos aqueles artistas que compuseram aquele cenário perfeito pra mim, nessa noite. 
Obrigada pelo espetáculo maravilhoso.