sábado, 21 de abril de 2012

Selva de pedra

Esse amontoado de prédios me prende, me sufoca...
Não tem outro som senão barulho de carros e babacas com os estouros de escapamento de moto...
Barulho, barulho, barulho, BARULHO!
Vê? Isso mesmo. É tanto barulho que este se torna visível. Com cheiro, com textura...
Barulho em forma de fumaça, de asfalto, de enxofre, de antenas, de semáforos, de britadeiras, de choro de criança, de briga de marido e mulher!
Barulho que entope, que intimida, sufoca e desespera.
Cidade grande em forma de cadeia! Ou cadeia em forma de cidade grande?
Preciso de mar! Preciso de árvores que ainda tenham folhas verdes! Não esse conjunto de galhos secos e sofridos no meio-fio.
Preciso da orquestra regida pela mãe-natureza...
Sons de cachoeira em sintonia com o vento das árvores e no compasso do canto de passarinhos,
Sons de ondas quebrando junto com o toque da brisa no meu rosto, o cheiro salgado nostálgico.
Preciso de 5 cores num pôr-do-sol, de cabelo embaraçado e com folhas enroscadas,
Quero pés cansados e pernas arranhadas, mas que venham de uma trilha comprida, com pedras lisas e orvalho frio.
Entendem? Sentem? Aqui não se sente, a selva de pedra suga os sentidos e sensações! Prende a brisa no concreto de seus muros, os raios de sol entre seus prédios luxuosos, joga um manto preto na noite pra esconder as estrelas, põe piche na grama, joga nuvens na manhã chuvosa pra que não vejamos arco-íris!
Essas buzinas, tratores, freadas, xingamentos, essa gente gritando promoções de suas lojas, CHEGA!
Preciso de cheiros ao invés de fedores, sons ao invés de barulho.
Preciso viajar, sair daqui, ver o mar...
Quero ir lá no meio do mato e tentar me sentir tão importante quanto uma árvore ou um riacho. Tão forte quanto uma onda ou uma cachoeira. Tão estável quanto um rochedo ou uma costa de corais.
Quero mostrar a esse mundo cinza que ele não me prende. Que eu tô aqui, mas tô em constante rebelião.