sábado, 9 de agosto de 2014

Etiquetas, potes e rótulos.

Óbvio que eu já sabia. Óbvio que eu imaginei esse momento praticamente todas as noites durante meses. Óbvio que eu tentei me preparar. Ainda assim, eu nunca senti tamanho vazio em toda a minha vida.
Não há raiva. Por ninguém dos lados.
Não há tristeza. Por nenhum fato que eu desconhecesse.
Não há nada, simplesmente nada, além do vazio onde se encontravam sorrisos, lealdade e essência. Nada além do sentimento de perda.
Perda de entusiasmo.
De fome.
De fé.
De coragem.
De vontade.
De sonhos.
De sono.
Mas a pior foi a perda de mim. Devo ter me esquecido na chuva. Queimei junto com o envelope pardo. Escorri salgada dos meus próprios olhos ou talvez tenha travado entre um princípio ou outro, impedida de prosseguir inteira.
É isso. Meu corpo apenas está.
Esqueci a alma em alguma frase já gasta na ferrugem.
E obrigada as devidas partes que tentaram impedir que esse ponto chegasse aqui, por um motivo ou dois. A  minha intuição e dedução. À racionalidade que ainda bate cochichando esperança. E à andarilha que também se feriu com tanto espinhos de um coração covarde e egoísta. Não fica mágoa, raiva ou rancor. Isso também perdeu-se por ai (ainda bem?). Que eu seja capaz de distribuir as devidas cicatrizes pra cada ferimento.
E se tiver alguém que achar um de meus cacos por ai, veja, por sinal se ele ainda brilha. Porque essa noite jaz aqui em mim um corpo completamente apagado que precisa urgentemente de um motivo pra ver o reflexo de estrelas em pares de olhos.