Surgia pelas pontas dos dedos o afeto. Emaranhava-se em mechas cor de cobre, contornava os lábios e tocava-lhe as curvas.
Os olhos, tão negros quanto a escuridão daquela sala, fixavam-se em cada pista que aquele rosto podia dar.
Os beijos vinham carregados de sinceras declarações. Tentava a todo
custo tirar-lhe os medos, provar que nada do que acontecesse o tiraria
dali.
Procurava naqueles olhos cor
de mel aquela certeza de que estava tudo bem, que na pesagem final,
tinha feito tudo certo. Em meio a tanta insegurança, em meio a tantas
tentativas de ficarem impassíveis, aqueles olhos relampiavam a grande
prova de que ela ainda estava ali com ele, de alma e coração.
E de repente aquela risada estourou e o som inundou aquele espaço de luz.
Aninhou-a ainda mais no seu abraço e desejou que aquele encaixe
perfeito nunca mais precisasse ser desfeito. O brilho estava ali. Não
importava outra coisa naquele momento. Fechou os olhos e sentiu o calor
daquele corpo. Embora não estivesse passando mais nada na tv, sabia que
qualquer um que os visse, conseguiria ouvir uma trilha sonora ali.
E
percebeu, como se tivesse sido pela primeira vez, que tinha em seus
braços o artefato mais sensível e mais resistente de todo o mundo. E que
era isso tudo, todo o conjunto com suas falhas e afagos, erros e
risadas, babaquices e as brincadeiras, as implicâncias e as piadas que o
fazia feliz. Que os faziam inteiros.